sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

MUITAS PELES





Há alguns dias, uma amiga revoltou-se com o comportamento de uma pessoa e foi logo enquadrando: “Lobo em pele de cordeiro.”
Fiquei pensando o quanto somos todos lobos... E como a verdade é passível de reversão! Se o cordeiro existe, ele está bem escondido. Assim, a parte de nós que mais aparece é a face do lobo! Basta que achem o fecho de nossa fantasia – o calcanhar de Aquiles – e lá se vai a fera solta, o lobo feroz se lançar contra o outro!
Aparece, porque o lobo também é necessário para nossa evolução.
Quem nunca perdeu a paciência, o equilíbrio, a sensatez??? Até o Mestre se investiu de indignação para expulsar os mercadores, vendilhões do templo! Dois mil anos depois, comprovamos e ainda não aprendemos que esse tipo de reação não funciona, visto o modo como os vendilhões se multiplicam, incessantemente, desde então.
Aliás, a religião por si não pode garantir qualidade e nem perfeição. Mas podemos perceber que existe dentro da religião uma pessoa tentando se melhorar: uma pessoa que erra, mais do que acerta, ainda muito longe da perfeição que sonhamos nela.
Quando Jesus nos convidou à perfeição, o disse: “Sede perfeitos como nosso Pai o é.” Comecei a aprender que a humildade é a porteira da estrada da perfeição. Porque Ele poderia ter dito: “Sede perfeitos como Eu o sou”, mas não o disse. Esta foi mais uma das lições do Mestre.
Eu erro, tu erras... Mas o verbo errar tem que ser, aos poucos, substituído. Meu verbo preferido é: Eu aprendo, tu aprendes...
Com um longo caminho a percorrer.



Izaída Stela do Carmo Ornelas



terça-feira, 12 de novembro de 2013

O PIOR ESTRANHO






Desconheço o autor, mas esta foi a frase mais tocante que li, na internet, nos últimos tempos.
Tem gente que eu olho e tenho vontade de dar aquele toc, toc, toc na testa e pedir pra falar com quem está lá dentro... Ou melhor, com quem eu suponho que deveria estar lá...
Tenho a nítida impressão de que aquele conhecido ainda está ali, perdido em algum lugar... Talvez esperando por mim.
Alguns, a gente nem reconhece mais.
São os que deixaram que nós os conhecêssemos através de seus sonhos e quando esses sonhos deixaram de existir, não os reconhecemos mais.
Se os outros são nossos estranhos, somos – por nossa vez – os estranhos dos outros.
Por fim, terminamos por ser os estranhos de nós mesmos.
Quantas vezes nos contam coisas sobre nós que desconhecemos, fatos dos quais não nos lembramos e que parecem fazer parte da vida de outra pessoa, do nosso estranho particular.
Toc, toc, toc...
Cadê você?


RE-DES-ENCONTRO
Chega um dia em que suspendemos o tempo
... e tudo foi ontem...
o encontro, o sorriso, o suspiro
o suspiro, a lágrima, o adeus

Vinte anos e mais
são vinte anos demais
E no tempo de ontem estão condensados

No trejeito rebuscado não reconheço
o coração que conheci

Nas palavras reticentes percebo
o quanto ontem foi um longo dia!
E a distância – que nunca antes existiu –
Nasce entre nós.

O problema maior é que o estranho esteve ali o tempo todo. Sempre. Só a gente não via... Ou não queria ver. Porque a gente só vê o que quer ver...
Portanto:
- Conheça-se estranho, antes que seja tarde! Tarde de novo!



Izaída Stela do Carmo Ornelas


sábado, 26 de outubro de 2013

SOCORRO ECOLÓGICO




Antes que nascesse grande parte dos ecologistas de hoje, meu pai foi chamado de louco por defender suas idéias.

Quando comprou uma propriedade de dez alqueires, preservou a metade em mata nativa. Na época, isso era considerado um absurdo! As pessoas comentavam o quanto ele estava sendo incoerente, deixando de cultivar um grande espaço e privando pessoas de trabalho com isso! Que malvado!

Hoje , vendo o espaço preservado no Google Earth, entendo...

E quem nem estava nascido nessa época vem – ainda hoje - prejulgar, com colocações equivocadas... Eu, que já vivi isso tudo: pessoas chamando meu pai de burro... O passar do tempo, os vizinhos ficando sem água... Fornecendo água para que os vizinhos tivessem o que beber... E há pouco tempo ter algum babaca denunciando a gente na polícia florestal, por fazer uma pequena terraplenagem em local próximo a um córrego, mas separado dele por uma estrada! Será que estou condenada a vivenciar injustiças???

Ei, ambientalistas, socorro! Mas saibam: mesmo que não me acudam, continuarei apoiando as idéias de preservação. Estou sendo tentada e testada!!!


Cada vez mais me convenço da necessidade de preservação, de conservação, de promoção da sustentabilidade. Costumo dizer que respiro a loucura do meu pai. Em muitos sentidos, porque a maior reserva nativa no entorno da cidade de Divino é a que ele preservou!


Izaída Stela do Carmo Ornelas


sábado, 12 de outubro de 2013

FINAL FELIZ



É tudo o que nós divinenses desejamos...
O escritor William Shakespeare já se perguntava: se a rosa tivesse outro nome, teria outro perfume? A questão da escolha do nome “Pedro Ventura” para a nova escola já rendeu! Declarei no facebook minha opção por pensar, analisar e ponderar muito, antes de emitir qualquer opinião. Pronto. Aqui vai, de coração.
Pra quem não conheceu, Sr. Pedro Ventura foi um cidadão muito digno, agricultor, pequeno produtor rural. Todos os sábados ele trazia para a cidade, em sua charrete, frangos, bananas, ovos. Minha mãe sempre o aguardava com suas encomendas. Muito justo que as crianças tenham no nome de sua nova escola um bom exemplo pra suas vidas!
Continuando o raciocínio, a homenagem ao vereador Tercício Vitelbo Givisiez, que tanto se esforçou para que a juventude divinense não tivesse que buscar instrução em outras cidades, deve continuar! Nossas crianças têm que aprender também o sentido da gratidão!
Por conseguinte, que tal se o atual prédio da escola se transformasse em uma Escola de Vida? Seria um lugar em que se agregasse valor maior ao sentido da educação!
Tenho visto a ENORME necessidade de nossos jovens em ter-se um lazer sadio. Estão com poucas alternativas de ocupação de tempo livre, o que consiste num RISCO MORAL muito grande. Embora a maioria dos pais tenha essa IMENSA preocupação, a pequenez de alguns ainda teima em dificultar o acesso de nossos adolescentes ao trabalho, denegrindo o ideal da Guarda Mirim e mesmo denunciando – covardemente - ao Conselho Tutelar a ação de pais que compartilham conosco a idéia de educar pelo trabalho digno. Assim sendo, é muito importante que possamos contar com um “contra-ataque” eficiente: se o menor não pode trabalhar, que ao menos seja garantido a ele o direito a uma brincadeira segura, em todos os sentidos.
Recentemente, a equipe de Taekwondo de Divino recebeu mais de vinte medalhas de ouro, em torneio regional! Parabéns a todos! Pergunto: será que algum desses atletas trocaria sua medalha pela droga oferecida por um traficante? Eis nossa oportunidade!!!
Chego a uma conclusão: a melhor homenagem ao ilustre vereador seria a criação de um Centro de Convivência Jovem na Escola Municipal, pela URGÊNCIA de ações nesse sentido, por sua excelente localização e por sua tradição de acolher a juventude nos Jogos da Cidade – Jodac. Desta forma, cada sala se tornaria referência em algum campo de interesse. O espaço receberia mesas de xadrez, pingue-pongue, damas e outros esportes... Também artesanato, outras artes e expressões culturais deveriam constar. Mas tem que sair do papel e funcionar!
Será um sonho? Não. Será mesmo um final feliz!

Chega de futricada!

Izaida S. C. Ornelas

sábado, 21 de setembro de 2013

CRIADA ASSOCIAÇÃO DE PROTEÇÃO AOS ANIMAIS




Cenas comuns... Quem nunca???
- vc se apronta com o maior capricho, sai de casa e pisa num montinho de cocô;
- a dona de casa coloca o lixo pro lixeiro e vem um cachorro, rasga o saquinho e espalha tudinho;
- o motoqueiro leva o maior susto com o animal atravessando a rua e toma um tombaço...
Cenas comuns... Que poderiam ser evitadas.
Muitas coisas não precisam acontecer! O constrangimento de chegar fedendo a algum lugar; o trabalhão de juntar lixo derramado; a dor de um tombo e as conseqüências indesejáveis do fato (inclusive os gastos do nosso imposto, com o tratamento de saúde!).
Isto apenas se pensarmos pelo ponto de vista humano. Quanta tristeza deve sentir esse animal por ser abandonado à própria sorte, sem lar, sem carinho! Por esse lado, a coisa é ainda mais contundente. Em Divino temos dezenas de animais abandonados, soltos pelas ruas.
Estas cenas não deveriam ser comuns. O mal não pode ser comum. Passamos, deste modo, à indignação, porque há uma ação digna a ser tomada.
Assim, estamos dispostos a nos unir e criar uma associação de proteção aos animais -  e mais ainda aos humanos!
Nesse sentido, nos reunimos dia 14/09/2013, às 18:00, na sede da Sociedade Espírita Chico Xavier. A ADAD - Associação de Defesa dos Animais de Divino - está fundada!
Todos estão convidados a participar.
Afinal,


"Enquanto o homem continuar a ser destruidor impiedoso dos seres animados dos planos inferiores, não conhecerá a saúde nem a paz. Aquele que semeia a morte e o sofrimento não pode colher a alegria e o amor." (Pitágoras ) 





quinta-feira, 15 de agosto de 2013

QUEM SABE FAZ AGORA



Estamos vivendo um excelente momento da cidadania divinense. È agora! Vejamos...
Quem diria que nós iríamos presenciar tanta lucidez, como a superação de diferenças políticas em prol da melhoria de condições comunitárias?
Eu, pessoalmente, nunca imaginei que veria a união da Câmara de Vereadores, como ocorreu em torno da questão de segurança. Mas confesso que sempre sonhei com esse dia! E esse dia aconteceu! Superar a politicagem foi um ato corajoso e nobre, que não pode se resumir a um episódio apenas. As autoridades do município estão abertas ao diálogo e à ação. Vamos, gente! De cara limpa, com paz no coração, vamos fazer agora a diferença pra toda uma geração!
Precisamos superar nosso complexo de inferioridade, porque somos capazes e, ao invés de agir, esperamos a hora acontecer... Temos ótimas oportunidades de alavancar o progresso da cidade. Basta fazer agora!
Vejo uma excelente oportunidade na escola Melo Viana, que poderia – ou melhor, pode!)  se transformar em referência regional. Por quê não? Quem duvida? Se temos ótimos profissionais, por que não superar nossas dificuldades e parar de assinar nosso diploma de incompetência, mandando nossos filhos (se pudermos pagar!) estudar em Carangola? E é nas cidades vizinhas que eles vão buscar lazer, inclusive...
Assim estamos mesmo sendo o Divino de Carangola! Quem gosta desse título? Quem está satisfeito com esse lugar subalterno que nossa cidade ocupa? Se cada um assumir-se responsável, o conjunto tende ao sucesso! Vamos fazer agora! Nossos netos estão a caminho!
O lazer pode ser proporcionado com soluções simples, baratas... O Jodac não pode se restringir a um evento apenas, mas ser retroalimentado por ações em escolas e comunidades rurais. Muita coisa pode ser feita: um parquinho para as crianças; um melhor aproveitamento da pracinha. O chafariz, por exemplo, pode receber peixinhos coloridos ou se transformar num escorregador pra criançada. Pra quê esperar? Somos criativos, somos construtivos!
Além da segurança na cidade, a segurança nos trevos da cidade pede a instalação de redutores de velocidade. Coisas simples. O que não pode mais ocorrer é a morte violenta por acidentes de trânsito que poderiam ser evitados. Quantos mais terão que morrer? Acredito que ninguém mais, porque vejo em nossa comunidade pessoas que se importam e que vão tomar suas providências como se tratasse de risco a pessoas de sua própria família! O que, na verdade, é.
Estamos apoiados pela boa vontade de todos. Temos vereadores comprometidos com todos. Nossa hora é chegada ao ponto. Nossa hora está feita. É agora!



Izaída Stela do Carmo Ornelas







sábado, 6 de julho de 2013

PROTESTAR É DIVINO




Tem pessoas que protestam contra o tempo. Esse protesto é a lembrança: lembram-se do passado e de outras pessoas. Elas inventaram a fotografia, os recadinhos, os cartões...
Tem pessoas que protestam contra a distância. Elas inventaram a internet, o telefone, o skipe... Também o avião, que une as saudades... Admiro o protesto contra a ditadura da beleza, junto aos inventores da lasanha e da coxinha... Protestos positivos!
Tem pessoas que protestam contra todo o tipo de coisa, mas prefiro – porque me identifico – aquelas que protestam em favor de bons sentimentos. Elas vão muito além dos protestos comuns, contra a corrupção, contra o mau caráter... Tudo a favor dos honestos! E dos criativos!
Em Divino, há cerca de 40 anos, houve um protesto curioso (e ainda atual): um protesto contra a fofoca... De um lado, um grupo de jovens e adolescentes, cansados de terem suas “artes” reveladas a seus pais pelas beatas da cidade. De outro lado, claro, as beatas.
O recado a ser dado: “metam-se com sua própria vida”.
Munidos de uma potente vitrolinha a pilha e muitos discos de vinil, eles tomaram o coreto da praça exatamente às oito da noite de domingo, horário em que a missa terminava.
Montaram um baile com todas as “ primas” que puderam contratar.
Enquanto dançavam, as pessoas desciam as escadas... Olhos esbugalhados, mães escondendo os olhares de suas filhas, queixos caídos, risinhos nervosos.
Imaginem o espanto, o escândalo e os chiliques...
Eles até ficaram de castigo, mas as fofoqueiras passaram a enxergá-los com outros olhos!

Foi esse protesto que me ensinou: é preciso bom humor até pra protestar.

PS – Cresci ouvindo essa história, me deliciando sempre! Agradeço profundamente à pessoa envolvida que me autorizou a contar como esta história realmente aconteceu! Foi o meu primo!

kkkkkkkkkkkkkkkkkk

Izaida Stela do Carmo Ornelas


segunda-feira, 10 de junho de 2013

A QUEM INTERESSAR POSSA





Quanto mais notícias eu leio, mais me confundo com as coisas...
Tenho lido nos jornais muita coisa a respeito de adoção de crianças por casais homoafetivos. Nos jornais a coisa ainda é respeitosa, na maioria. No facebook a coisa se desdobra em preconceitos dos mais variados. E eu fico, em meu coração de quase-jornalista, me perguntando:
- As pessoas que julgam e opinam ali já adotaram quantas crianças?
Vamos ouvir aquelas pessoas que se dedicam a acolher. Estas opiniões me interessam. Casais que adotam cinco, seis filhos... Pessoas que não tem tempo de ficar nos jornais, na internet, porque têm trabalho a fazer. Essas opiniões eu não li. Não interessaram a ninguém...
- O que as crianças abandonadas preferem? As maiorzinhas podem emitir sua opinião. O que elas desejam?
Não se pergunta nada aos maiores interessados. Aposto que os que atiram pedreiras não adotaram nenhuma criança. Como podem opinar sobre o que não viveram?
Posso imaginar a tristeza de uma criança que não tem pai, porque perdi o meu muito cedo. Assim como posso imaginar a alegria de uma criança abandonada que passa a ter dois pais ou duas mães, que passa a receber cuidados, atenção, amor. Conheço famílias em que irmãos assumem a criação de irmãos, famílias diferentes e que suas diferenças não fizeram seres menos humanos.
Aliás, é curioso que os valores sejam invertidos, convertidos, confundidos... A bicha má da novela é um sucesso, enquanto o casal gay que quer adotar é rotulado como mau. Nem o intervalo comercial me dá sossego: propaganda de cerveja se vale de atrizes que representam mulheres fúteis, tentando vender seu produto para homens (ou babacas?) e menosprezando a parcela feminina que poderia adquirir a marca. Mudei de marca! Mudei o canal!
Estou cada vez mais confusa, gente.
Também li no jornal de domingo (02/06) que o trabalho infantil não foi erradicado como os pseudo-benfeitores das crianças pretendiam. “Trabalho infantil expõe 1,9 milhões a riscos”.
- E a fome, o tráfico, o vazio mental?
Sempre fui encorajada a trabalhar, a conquistar minha dignidade através do meu esforço. O que há de errado nisso? Só estaria errado se eu deixasse de lado a escola ou deixasse de ser feliz em razão do trabalho. A criança que se orgulha de ter seu próprio dinheiro não é presa fácil para o traficante; quer crescer ainda mais, com o auxílio de boa escolaridade; geralmente não se torna vítima de depressão e outras doenças mentais. Sua autoestima é alta. O problema é que ela aprende a pensar suas relações de trabalho e seu sucesso termina por quebrar o círculo vicioso que produz votos no curral.
Ao longo da história tenho visto muitas incoerências, discursos hipócritas e torpes, disfarçando nossa preguiça em assumir nossos problemas. É muita lei sendo despejada em cima da gente, sem que nossa opinião seja levada em conta. Ou seja, não se pergunta nada a quem mais interessa... Eles decidem e baixam toda a sorte de maluquices “pro nosso bem” (sic.).
Vejo comentários, nos sites de relacionamento, sobre todo tipo de bolsa: família, crack, prostituta, detenção. Algumas nem sei se são verdades. Nem procuro saber. Não tenho mais uma pressão arterial que suporte essas coisas. Felizmente nunca precisei utilizar tais benefícios, mas se o fizesse, seria com a responsabilidade de realmente estar em condições de necessidade.
Pra cúpula, fica muito fácil:
- Dá uma esmolinha e deixa o mundo correr... Cuidar dá muito trabalho...

Quando nos deveria interessar apenas uma lei, mas essa ainda não cabe em nosso orgulho, nem em nossa vaidade. Trata-se de “amar ao próximo como a ti mesmo”.
Em suma, quando vemos ou vivemos alguma situação dúbia, devemos sempre nos perguntar: é interesse de quem? a quem interessa?


Izaída Stela do Carmo Ornelas

terça-feira, 14 de maio de 2013

RESPONSABILIDADE DE TODOS





Nunca vi uma frase tão canalha...
O que é responsabilidade de todos acaba sendo responsabilidade de ninguém! E nossa preguiça acha muito bom não ter responsabilidade nenhuma, nenhuma cobrança. Nossa omissão se deita ao sol, enquanto nosso juízo tira férias!
Cuidar da pracinha: responsabilidade de todos. Cuidar dos jovens: responsabilidade de todos. Educação: responsabilidade de todos. Responsabilidade de quem? De quem? Todo mundo corre da responsabilidade: não é dos pais (que não têm tempo), não é da escola (que só precisa instruir), não é do Estado (que não pode intervir), não é das religiões (que só se reportam à divindade)... E enquanto ninguém assume a educação, ficamos assombrados com vandalismos, com a corrupção, com toda a sorte de malefícios sociais que advém da falta de serviço físico e mental para nossos jovens.
Assumir a responsabilidade já está na Lei. Quando um menor rouba, depreda patrimônio, ou mesmo quando lesa moralmente a alguém, o código brasileiro prevê a responsabilidade de seus pais, no sentido de ressarcir os prejuízos causados. Está no Título IX Da Responsabilidade Civil, Título II, Capítulo I, Da Obrigação de Indenizar. O artigo 932, em seu inciso I, atribui aos pais a responsabilidade pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.
Da mesma forma, quando uma criança foge da escola e pratica algum delito, a escola tem também sua responsabilidade. Houve descuido ou negligência? O que aconteceu? É preciso apurar as coisas com isenção, com lisura, acima de preferências pessoais, políticas e ideológicas. Saudade do tempo em que Educação Moral e Cívica era uma disciplina com aulas semanais! E sei que vou sentir saudades do tempo em que Educação Física era ensinada já nos primeiros anos da escola! Tudo nos vem sendo tirado há tempos... Estamos passivos, por isso condenados a sofrer atrocidades cada vez piores.
Mas será que somos assim tão vítimas? Ou estamos apenas sendo perigosamente complacentes, coniventes? Se “quem cala, consente”...
Se não assumirmos nossas pequenas responsabilidades com relação à educação de nossos jovens, estaremos condenados a enfrentar grandes dificuldades. Vamos começar agora a mudar nossas ações, a construir efetivamente nosso futuro, conscientes de que não nos cabe mais a desculpa esfarrapada de que “não é nossa obrigação”. Cuidar de todos e de cada um é dever moral, cujo descuido gera uma perturbação que se prolonga ao futuro, feito uma onda. A maior parte das igrejas chama isso de pecado. O pecado da omissão, que rouba o futuro da gente.
Ficamos estarrecidos quando vemos no jornal casos de assaltos, roubos e vandalismo, como ocorreram em Divino, no início deste ano. Mas o que fizemos para evitar? O que faremos agora que o cerco está se fechando? Continuamos omissos ou cobraremos de nossas autoridades ações de verdade? Faremos cada um a nossa parte, assumindo que “todos” é o coletivo de “cada um de nós”?
Aqui a contribuição de minha profunda indignação.

Izaída Stela do Carmo Ornelas






domingo, 7 de abril de 2013

INCÊNDIO NO HOSPITAL





Imagino as dificuldades financeiras do Hospital Divinense como um incêndio.
De imediato, é preciso apagar as chamas. Chamas apagadas, perigo real afastado, cumpre refletir. Não foi a primeira vez que “pegou fogo”. Aconteceu antes. Aconteceu de novo. Como fazer para que não aconteça novamente? Afinal, trata-se de uma instituição muito importante para as pessoas da cidade!
Apesar de alguns prefiram buscar cidades vizinhas para atendimento, quando “o bicho pega”, quem vai te socorrer mais rapidamente vai ser quem mais está próximo a você.
Muito perto, muito longe...
Ainda me lembro de quando o hospital foi construído. Lembro do tapume que encobria a obra de fundação. Eu era uma adolescente de treze anos. Nessa época, meu pai sofreu um acidente e veio a falecer do outro lado da rua, no posto de saúde que funcionava onde hoje é a Delegacia. Se tivesse o hospital, talvez um pouco de alívio à dor dos ferimentos pudesse ser oferecido...
Só sabe quem já viveu. E quem sentiu na carne a falta...
Naquele tempo, a união das pessoas foi impressionante! Paredes simples, grande propósito, muita boa vontade dos divinenses, sob a inspiração do Sr. Adriano Campos Pereira. Lembro que minha mãe, por exemplo, costurou – de graça – uniformes, lençóis e máscaras cirúrgicas. Cada um contribuiu com o que pôde. Não me lembro da inauguração, curiosamente.
O esforço daquelas pessoas não pode ter sido em vão. Não pode ser consumido pelo incêndio da incompetência ou da corrupção. Entretanto, tem gente que prefere ver o circo pegar fogo. Triste. É o caso de pessoas que estão sempre tentando se esconder por trás do umbigo do outro! Elas dizem coisas do tipo “sua coluna no jornal não vai investigar?” ou “o seu amigo juiz não vai fazer nada?” demonstram uma covardia e uma ignorância sem precedentes. Em primeiro lugar, minha coluna no jornal é do tipo “crônica”, que não comporta uma reportagem investigativa. Muita gente não sabe, mas os jornalistas tem sua especialização, como os médicos. Também essa ignorância sobre as funções profissionais atinge quem atribui ao meu amigo Maurílio o poder de investigar. Juízes não podem interferir nas causas que podem vir a julgar. Nem a polícia pode investigar, se não houver uma denúncia. A obrigação de denunciar é do Ministério Público.
Vamos, então, pedir que Divino tenha um Promotor Público efetivo e permanente, exclusivo da Comarca. A permanência de um Promotor na cidade irá, inclusive, auxiliar na melhoria das condições de segurança pública, agilizando processos.
Olha só como uma coisa “puxa” a outra!
O bem e a justiça, quando bem executados, criam uma verdadeira reação em cadeia: o caso do hospital contribui para a segurança; a segurança melhora os índices de desenvolvimento humano da cidade e os índices melhores de IDH justificam investimentos e maiores repasses ao município.
Também vai ser bom que uma auditoria esclareça o que aconteceu, porque dinheiro público é um dinheiro muito sagrado, suor do povo, e como tal deve ser respeitado. Não se trata de “caça às bruxas”, mas de “dar nome aos bois”. Evita-se, desta forma, que muita gente boa seja injustamente classificada. Evita-se também que os “comentaristas” da cidade cometam o pecado de mentir e de levantar falsos testemunhos. Muita utilidade terá, assim, esta auditoria! Vamos saber como o incêndio começou.
Agora, precisamos prevenir novos incêndios: desenvolver um mecanismo protetor para as finanças do Hospital é muito necessário. Transparência! É a resposta que todo cidadão quer ouvir para os esforços de todos os que contribuíram para que a instituição não falisse.
Então por quê não nos mobilizarmos para que novos incêndios não aconteçam?
Vamos cobrar, gente! De todos os lados, de todos os partidos, de todas as religiões, de todas as orientações sexuais, de todas as torcidas, de todos os corações possíveis.
Senão, pode acontecer de novo... E aí, vamos – cada um de nós – assumir a responsabilidade, a culpa e o peso de nossa omissão.


         Izaida Stela do Carmo Ornelas

domingo, 24 de fevereiro de 2013

O DIREITO DE NÃO REAGIR







A lei de ação e reação pertence à Física. Isso não quer dizer que seja uma obrigação, uma lei do relacionamento humano.
Quando aquela pessoa te insulta... Quando falam mal de você ou de um filho seu... Quando estoura a paciência, quando é a gota d’água ou chegou o fim da picada...
E uma voz, lá no fundo, te pergunta:
- Vai deixar barato?
O que você responde?
Difícil?
Pois saiba que é seu direito silenciar. É seu direito ser, assim, mais forte do que seu agressor.
É nosso direito exercitar o silêncio.
E não se trata de falta de humildade: é nosso direito mostrar o quanto do Cristo habita em nós.
Ter autocontrole é para poucos. E é uma decisão inteligente. Não revidar é não aumentar o mal, não dobrar a energia negativa no ar.
Trata-se do primeiro passo rumo ao perdão. Isso mesmo, aquele mesmo perdão que Jesus mandou exercitar setenta vezes sete vezes! E o quanto estamos longe disso!
Além do direito de não reagir, é seu o direito de manter sua alma em paz. A faxina que faz o perdão é também um direito, conquistado a duras penas: o esquecimento de si mesmo, a superação do orgulho e do egoísmo.
Devemos estar sempre tentando promover esse bem.
Não digo que não seja necessário esclarecer os fatos, botar em pratos limpos, essas coisas que libertam, porque a verdade liberta. Afinal, disciplina também é caridade. Ou seja, ensinar alguma coisa a esses irmãos maledicentes, com paciência e misericórdia, é cumprir as determinações do Mestre.
Um bom começo é ensinar pelo nosso próprio exemplo.

Izaida 

domingo, 3 de fevereiro de 2013

O PRÓXIMO DA FILA






Muitas vezes elegemos nosso próximo conforme nosso egoísmo. Assim... Nosso próximo preferido é nosso umbigo.
Pensamos em atender as vontades de nossos umbigos, como se fossem as nossas próprias vontades. Rs. rs. rs. E deixa que o próximo real se dane... Que aquele que está atrás de mim na fila espere além da conta, afinal, meu umbigo é o dono da cocada!
E porque meu umbigo é muito importante, se sente no direito de furar filas, de ludibriar as pessoas de todas as formas possíveis, de ferir, de caluniar.
Pelo poder de nosso umbigo, acreditamos que pessoas e coisas estejam sempre ao dispor dele, porque nós não usamos as pessoas (somos bonzinhos!), mas nosso umbigo não tem lá esse discernimento... Por isso é que a gente aprende a substituir as pessoas como se estivessem numa fila, à nossa disposição. E chamamos: “o próximo”.
Quem será meu próximo? Foi esta uma pergunta dirigida a Jesus.
Quem terá a “honra” de ser o próximo humilhado, ferido ou prejudicado pelo meu lindo umbigo? Será o velhinho que tem que passar na rua porque bloqueei a calçada quando estacionei meu carro do ano? Será a criança que vai escorregar na embalagem plástica que eu joguei no meio da rua? Será o deficiente que não vai ter acesso à vaga especial ou à acessibilidade porque meu umbigo precisava parar ali “só um instante”?
Aliás, meu umbigo desenvolveu uma técnica muito interessante para lidar com o próximo: toma ares dignos, com aparente nobreza, e pergunta “você sabe com quem está falando?” O próximo, acuado, se recolhe quando deveria perguntar: “Quem você pensa que é, Deus?”
E nós continuamos aqui, sempre muito confortáveis, escondidos atrás de nossos umbigos.

Izaída Stela do Carmo Ornelas




domingo, 20 de janeiro de 2013

Tem gente que faz. Tem gente que desfaz.




Após a matéria anterior, diversos comentários e abordagens me conduziram a analisar um pouco mais profundamente a questão.
Em primeiro lugar, bateu muita saudade da Guarda Mirim: extinta e não substituída. Tirada do povo, sem que qualquer outra alternativa fosse oferecida à população que dela se beneficiava.
A Guarda Mirim tirou muito adolescente da badernagem... 
Aquela gente fazia e foi impedida de continuar fazendo.
O problema é que a questão do trabalho adolescente foi completamente resolvida. Desafio a quem “resolveu” esta questão a resolver – com a mesma eficiência - a questão do consumo de álcool entre estes mesmos adolescentes!!! Não vemos, em Divino, adolescentes trabalhando, mas bebendo... 
A Guarda acabou por força da Lei, mas deveria continuar, por força da Justiça. Porque nem sempre a lei é justa. Nem sempre. Afinal, a escravidão também era uma Lei: e reduzia seres humanos a objetos. Pretensamente livres, agora estamos todos juntos, ainda agrilhoados.
E a injustiça muitas vezes é o resultado do cumprimento da Lei. Acontece quando, muitas vezes, a jurisprudência não exprime a prudência que lhe deu origem. Afinal, a extinção desse serviço não levou em conta a amplitude da questão.
Hoje em dia, enquanto as autoridades proíbem o trabalho adolescente, vem o tráfico e os alicia, bem cedo, antes que pais e mães tenham sequer o tempo de lhes ensinar uma profissão... Ao extinguir pura e simplesmente a entidade, uma alternativa deveria ter sido projetada. Deveriam ter pensado nas consequências... 
É o caso de gente que desfaz...
Mas muita gente faz, ainda bem.
O grupo do EJC tem trabalhado muito, com louvor. Aqui mais uma lembrança: no meu tempo, na Casa Paroquial havia um espaço pros jovens com jogos diversos: pingue-pongue, damas, xadrez, etc. O ponto de encontro “bombava” como dizem hoje. Foi obra de Dom José Moreira, sempre antenado com os jovens. Saudade foi o que restou.
A comunidade da Igreja Batista, inclusive, está construindo uma excelente alternativa de lazer para a moçada. Com certeza, a quadra está funcionando segundo a Vontade Dele.

Falta o trabalho de quem ainda nada fez...
Falta o trabalho de quem nada faz...


Izaida Stela do Carmo Ornelas

sábado, 12 de janeiro de 2013

SEMPRE UM DEFEITO




Neste final de ano me veio a lembrança de pessoas que muito fizeram por Divino e nem sempre tiveram sua importância reconhecida.
Comecei me lembrando de Seu Capucho. Ele cuidava da limpeza das ruas, nos meus tempos de menina. As ruas eram sempre muito limpas; ele fazia questão de varrer qualquer areia dos meio-fios, recolhendo o lixo em sua carrocinha. Um pouco mais tarde, talvez pelo crescimento da cidade, passou a contar com a ajuda de um burrico. E os progressistas viam naquele cuidado artesanal um sinal de atraso: um cuidado profissional era o que Divino precisava...
Tem sempre alguém vendo um defeito!
E o trabalho amoroso foi sendo substituído pelo mero cumprimento de horas; o pagamento em dinheiro passou a ser mais importante que o reconhecimento e que a satisfação de se fazer um bom trabalho.
Com tanto lixo nas ruas, ultimamente, penso que não fomos educados o suficiente para reconhecer e respeitar o esforço que o outro faz para nos servir! A maioria das pessoas não vê mal nenhum em jogar na rua palitos de picolé, copos descartáveis, bingas de cigarro... Mas quando a situação se acumula, percebemos que a falta de educação, em conjunto, traz grande impacto negativo a todos.
Saudades do tempo de Sr. Capucho!
Depois me lembrei do Lourival Bernardes de Mello – o Vavá. Quantas carteiras de identidade eu vejo, datadas de 05/05/2005, quando ele promoveu uma Ação Global na Praça! Sem contar as crianças que ele apresentou ao esporte e que se destacaram em nossa região... Além disso, levou nossa cidade às manchetes da TV, promovendo as 50 Horas de Pelada.
A história continua... Tem sempre um defeito! Não pretendo entrar em problemas pessoais, mas reconhecer méritos de ação efetiva, como os que citei acima. Novamente, relembro: tem sempre um defeito. Mas, depois dele, quem fez melhor? Quem fez, no mínimo, igual?
Qual é o maior defeito?
O Arraiá da Alegria, que se fundiu ao evento da Exposição, era realmente uma alegria que Dona Débora nos proporcionava. Pra quem não se lembra, era como se fosse o Arraiá do Sukata, mas acontecia durante a semana toda. Tomava a pracinha do Asilo, divertindo sempre. E sempre tinha uma festinha pro povo não se entediar. Mas tinha defeitos... E agora, no lugar dos defeitos, não tem quase nada... Mas ainda tem defeitos.
Como o Carnaval vem chegando, senti saudades do Bloco Só Falta Você, do Xaconóis, onde o falecido Jorge da Preta tocava bateria, a Rosemary dançava e a gente aplaudia. Também tinha defeitos...
E como eu sou cheia de defeitos, vou parar pra pensar...


                Izaída Stela do Carmo Ornelas.


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