Aconteceu.
E foi triste.
Aconteceu com Wescley Rocha Couto.
Vai acontecer de novo.
E será tão ou mais triste do que hoje.
Afinal...
Jovens morrem e se matam todos os dias.
E nossa culpa nos aparece, fantasmagórica.
Ao final...
Ninguém morre sozinho; ninguém se mata sozinho.
Muitas mãos se tingem de culpa:
As mãos do fornecedor da droga, as mãos da autoridade que não cumpre sua obrigação de proteger, as mãos do cidadão que não exercita a caridade.
Mãos que se cruzam em omissão.
Mãos que acendem pedras da morte, trilham carreiras de engano.
Mãos nas quais lemos a má sorte, o mau destino, a escravidão.
Mãos que tentam esconder nossa culpa, nosso medo, nosso desespero.
Gota a gota, lavam-se as mãos.
Passo a passo caminhamos para o desconhecido, que conhecemos como futuro.
Prece a prece desfiamos nossa tristeza.
Braço a braço, nos fortificamos.
Na responsabilidade cotidiana, o laço: sempre a culpa.
E pior que a culpa, o vazio de amor.
Vazio que paralisa mentes e mãos.
Vazio que acalenta nossa eterna omissão.
É da nossa conta.
Está registrado em nossa conta.
O que aconteceu e o que ainda vai acontecer.
A tristeza que disfarça a verdade.
O suicídio que pretensamente liberta o assassino.
As mãos criminosas que se enfeitam de anéis num simulacro de nobreza.
Corações que se esvaziam de amor, pra dar mais espaço ao dinheiro.
Enquanto isso, jovens se matam.
E são, ao mesmo tempo, mortos por nossa indiferença.
Ou será incompetência?
Quando a sorte é lançada, o desafio corre atrás...