domingo, 4 de julho de 2010

SE ESSA RUA FOSSE MINHA...




Quantas vezes cantei “se essa rua fosse minha”, brincando de roda, não sei.

A criançada, trinta anos atrás, se divertia assim: no meio da rua, longe das tvs. Tvs, aliás, eram aparelhos que ralamente existiam e raramente “pegavam”. Se essa rua fosse minha, eu mandava emoldurar: um tempo em que só alegrias se estampavam.

A nostalgia se alimenta, ainda mais, de saudades, hoje: me dei conta da ausência de tantas pessoas que observavam nossa ciranda. Dia 24, completam-se 30 anos da morte de meu pai. E 2010 vai levando: “adeus cidade, adeus Maranhão”, adeus tanta gente do meu coração...

Primeiro foi Dona Lourdes, a incansável mãe, esposa, avó, professora, artesã, de quem eu acredito a melhor personificação da palavra DIGNIDADE!

Depois Tereza Belan, minha amiga“Terezinha de Jesus”. Esta, de uma queda não foi ao chão, mas acudida pelos cavaleiros do céu, foi costurar lindos mantos para Maria...

O Aminthas eu sabia tratar-se secretamente de super-herói - “Homem-martelo” - que defendeu a rua no episódio do assalto ao vizinho Vanelson. Quando eu o chamava assim, o riso dele vinha fácil, pois a amizade dele era assim: coisa descomplicada!

Agora Sr. Antônio Viana nos deixa. E mais um exemplo positivo me chega, na convivência de longa data. Quando eu passava pela casa dele, indo pro trabalho, ele dizia:

- Já vai pra prisão!!!

E na volta, cumprimentava:

- Já saiu da prisão, né?

Em minhas preces, tenho a certeza de que agora foi ele quem saiu da prisão. E está livre como são a verdade e a vontade do Senhor.

Nos versos livres de “Se essa rua fosse minha”, a certeza de que cada um deles é uma “pedrinha de brilhante” que ladrilha minha história.
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