domingo, 3 de fevereiro de 2013

O PRÓXIMO DA FILA






Muitas vezes elegemos nosso próximo conforme nosso egoísmo. Assim... Nosso próximo preferido é nosso umbigo.
Pensamos em atender as vontades de nossos umbigos, como se fossem as nossas próprias vontades. Rs. rs. rs. E deixa que o próximo real se dane... Que aquele que está atrás de mim na fila espere além da conta, afinal, meu umbigo é o dono da cocada!
E porque meu umbigo é muito importante, se sente no direito de furar filas, de ludibriar as pessoas de todas as formas possíveis, de ferir, de caluniar.
Pelo poder de nosso umbigo, acreditamos que pessoas e coisas estejam sempre ao dispor dele, porque nós não usamos as pessoas (somos bonzinhos!), mas nosso umbigo não tem lá esse discernimento... Por isso é que a gente aprende a substituir as pessoas como se estivessem numa fila, à nossa disposição. E chamamos: “o próximo”.
Quem será meu próximo? Foi esta uma pergunta dirigida a Jesus.
Quem terá a “honra” de ser o próximo humilhado, ferido ou prejudicado pelo meu lindo umbigo? Será o velhinho que tem que passar na rua porque bloqueei a calçada quando estacionei meu carro do ano? Será a criança que vai escorregar na embalagem plástica que eu joguei no meio da rua? Será o deficiente que não vai ter acesso à vaga especial ou à acessibilidade porque meu umbigo precisava parar ali “só um instante”?
Aliás, meu umbigo desenvolveu uma técnica muito interessante para lidar com o próximo: toma ares dignos, com aparente nobreza, e pergunta “você sabe com quem está falando?” O próximo, acuado, se recolhe quando deveria perguntar: “Quem você pensa que é, Deus?”
E nós continuamos aqui, sempre muito confortáveis, escondidos atrás de nossos umbigos.

Izaída Stela do Carmo Ornelas




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