Melhor não "bullir". Não vá deletar...
Muito antes do bullying ser conceituado, nossos brasileirinhos do nordeste já o haviam descoberto. Trata-se de “bulir”, mexer, provocar.
Vejamos:
- Fulano tá bulindo comigo.
- Pare de bulir com ele, menino.
Quem não ouviu uma frase destas?
Então, vamos assumir a sabedoria popular brasileira, que se antecipou à importação do termo e de sua conceituação.
E quando verificamos a vasta existência desse fenômeno social, percebemos além da posição simplista da discussão centrada na escola ou, melhor dizendo, na idade escolar.
Considerado em suas características básicas, o bullying acompanha o indivíduo pela vida afora: é o chefe que assedia moralmente, é o familiar chantagista, é o vizinho provocador...
São muitas as circunstâncias em que essa patologia se instala.
Cumpre ao indivíduo se preparar para o enfrentamento destas questões, ao invés de ser ‘poupado’ por leis, curadores e outros personagens protetores de nosso estado-de-conto-de-fadas. A realidade se impõe, desde sempre, obrigando o indivíduo a evoluir. Não existe evolução social que não comece pela evolução pessoal, ou melhor, por pequenas evoluções individuais.
Episódios de bullying - como tudo nesta vida - têm também seu lado bom, quando se revelam oportunidades de aprendizagem. Podem ser comparados, nesse sentido, a reproduções lúdicas de situações reais da vida adulta: um brincar de gente grande, de casinha, de profissional, de mocinho ou de bandido. Brincando de se defender, a criança aprende a ser conciliadora, tolerante, positiva, analítica... São muitas as habilidades passíveis de serem adquiridas em situações de bullying.
Assim sendo, partimos do socrático “conheça a ti mesmo”.
PS. Coluna escrita sob inspiração de Ancelmo Gois