Tem pessoas
que protestam contra o tempo. Esse protesto é a lembrança: lembram-se do
passado e de outras pessoas. Elas inventaram a fotografia, os recadinhos, os
cartões...
Tem pessoas
que protestam contra a distância. Elas inventaram a internet, o telefone, o
skipe... Também o avião, que une as saudades... Admiro o protesto contra a
ditadura da beleza, junto aos inventores da lasanha e da coxinha... Protestos
positivos!
Tem pessoas
que protestam contra todo o tipo de coisa, mas prefiro – porque me identifico –
aquelas que protestam em favor de bons sentimentos. Elas vão muito além dos protestos
comuns, contra a corrupção, contra o mau caráter... Tudo a favor dos honestos!
E dos criativos!
Em Divino, há cerca de 40 anos, houve um protesto curioso (e ainda atual): um protesto contra a fofoca... De um
lado, um grupo de jovens e adolescentes, cansados de terem suas “artes”
reveladas a seus pais pelas beatas da cidade. De outro lado, claro, as beatas.
O recado a ser
dado: “metam-se com sua própria vida”.
Munidos de uma
potente vitrolinha a pilha e muitos discos de vinil, eles tomaram o coreto da
praça exatamente às oito da noite de domingo, horário em que a missa terminava.
Montaram um
baile com todas as “ primas” que puderam contratar.
Enquanto
dançavam, as pessoas desciam as escadas... Olhos esbugalhados, mães escondendo
os olhares de suas filhas, queixos caídos, risinhos nervosos.
Imaginem o
espanto, o escândalo e os chiliques...
Eles até
ficaram de castigo, mas as fofoqueiras passaram a enxergá-los com outros olhos!
Foi esse
protesto que me ensinou: é preciso bom humor até pra protestar.
PS – Cresci ouvindo
essa história, me deliciando sempre! Agradeço profundamente à pessoa envolvida
que me autorizou a contar como esta história realmente aconteceu! Foi o meu
primo!
kkkkkkkkkkkkkkkkkk
Izaida Stela do Carmo Ornelas