sábado, 9 de outubro de 2010

QUÍMICA

"Por duas esferas azuis
de entre pétalas de borboleta" (Ferreira Gullar)


um átomo cedeu-se a outro
numa calma manhã de chuva.

Que pequenas!
        Que ínfimas!
               Que insignificantes partículas!
                       Azuis...

Nesse dia - mais tarde sem chuva -
esses dois cúmplices calculistas
planejaram um ato de fé ambiciosa
e se organizaram cautelosos
na estrutura simples de um botão:

Natural,
      contente de si
           e palpitante ao desabrochar
                    assim...

E tudo começou
por duas esferas azuis,
de entre pétalas de borboleta,
pintando aqui e acolá
                   flores.
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