sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

AMADOS MOINHOS PATRIOTAS




A quem possa interessar...

Estranho amar um lugar...
Com o mesmo amor reservado às pessoas...
Exato nas mesmas alegrias – e dores!
Na confusão daltônica de cores,
No surreal encontro de cheiros e sabores...
Amor que causa frenesi e arrepia.
Onde nenhum sentido, nem razão,
Bastam ou explicam:
Bizarro em seu desejo,
Latente em sua pouca coragem...
E o amor proibido tende a crescer.
Torna-se o próprio céu sobre nós:
É o escudo e o dragão
Em relação.
O estranho não compreende
E o comum não percebe facilmente
Que algo Divino acontece aqui.
A busca plena dos amantes,
Proibida e coagida,
Fornece luz enquanto viva.
O estranho – aí - percebe facilmente
E o comum despreza,
No fundo de sua ignorância,
A vida que essa luz lhe dá.
Na covardia do amante que sonha,
Aconchega-se o elemento fatal.
O amor estranho por um lugar
Perde-se em perigos anunciados
Centrados em ameaças.
O lugar fica triste
E o comum percebe, enfim:
A luz do amor se enfraquece
E o amor do nobre Divino não foi
Escudo bastante...
O dragão fortalecido
No hálito das banalidades,
No rugido da burocracia,
Na sordidez da corrupção,
Vence.
Estranho torna-se o amante.
O comum, novamente ludibriado,
Dá gargalhadas,
Enquanto o dragão lhe alimenta
E lhe deleita os sentidos.
Dom Divino jaz ao lado...
Seu amor estranho
Seria diamante dessa terra.
E os moinhos de vento,
Quixotescamente,
Os trituram sem cessar...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

PICUINHAS


A crônica deste mês me foi imposta pela sensatez.
Me senti obrigada a escrever, para oferecer aos leitores uma análise dos comentários dos últimos jornais.
Aqui escrevi o que li no coração dos divinenses. Todos estarrecidos.
Quanta picuinha! Ti-ti-ti, futrica, mau gosto...
Ao invés de irem “caçar serviço” e serem verdadeiramente úteis à comunidade, pessoas dos dois lados políticos preferiram se degladiar de forma inconcebível! Lêem o jornal não pra se informar, mas pra encontrar motivos pra suas picuinhas.
Pior ainda quando se escondem por trás do anonimato. São comentários absurdos! Tais pessoas se revelam à beira da irracionalidade, tamanha sua agressividade. Triste. Covarde. Irresponsável. Improdutivo.
Convido-as a suspender a polêmica e pararem pra pensar.
Durante o período em que cursei Comunicação Social, aprendi que um jornal é um veículo de divulgação de notícias. Deixar de fazer algo é notícia, tanto quanto fazer! Tudo que acontece ou deixa de acontecer merece registro. Imparcial.
O jornal informa o problema, dá visibilidade, serve como “voz” para o cidadão. Assim, perceber oportunidades na notícia é o que faz a diferença!
Quem muito se beneficiou desse conhecimento, por exemplo, foi Fernando Collor. Percebendo as denúncias da mídia em relação aos salários exorbitantes de servidores de seu estado, ele “correu atrás” e se tornou capa da Revista Veja como “O caçador de marajás”. Guardo até hoje esse exemplar da revista! Maestria em utilização dos veículos de comunicação, revertendo uma crítica em sucesso. Infelizmente, os propósitos de Collor não eram dignos do sofrido povo brasileiro. Se fossem, seria outra história.
Felizmente, por outro lado, existem pessoas que se ocupam em ler o jornal todos os dias, com olhos da alma. Seu motivo é fazer preces para as pessoas cujos nomes estão nas notícias. São religiosos de diferentes denominações: evangélicos, espíritas, católicos... Que bonito de se ver! Que exemplo pra se seguir! Será que algum leitor fez sua prece frente a alguma notícia?
Voltando a nosso assunto... Uma crítica é um degrau, pra quem sabe como subir. Serve para construir. E a melhor notícia pertence a quem faz melhor. Quem faz melhor substitui a prepotência pela humildade, a precipitação pela análise, o problema pelo projeto, o bate-boca pela ação.
Gostaria muito de ler, no Impacto ou no Campeão, que uma fábrica vai se instalar aqui e dar muitos empregos; que um Promotor de Justiça foi designado para Divino; que as ruas da cidade serão asfaltadas; que tudo aqui funciona às mil maravilhas. Entretanto, tenho certeza que ainda assim vão haver picuinhas.
O problema dessas picuinhas é que, enquanto a discórdia se instala, 20 mil divinenses ficam abandonados. Alguns com vergonha, outros sem esperanças, mas todos sonhando com dias melhores!
Aqui escrevi o que li no coração dos divinenses.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

VEREDICTO



Por minha culpa,
por meus desejos múltiplos em profusão,
razões de tantas faltas e falas
ainda dormem 
em seios soturnos.
A desordem e o caos, 
estão sacramentados
no brandir do gesto contra o outro...
Na sensibilidade animal vencendo o discurso...
E as relações se fazem em cadeia,
medo sucessivo, correntes e algemas,
caminhos a pés entrelaçados, tapetes, topetes.
Lembram misturas, velhas boticas, extratos 
sonhos e processos.
A primeira emoção assume-se: impessoal, contextual.
Culpa em substantivo e verbo.
Minha razão, pequena parte das fileiras,
ocupa aquela areia que cai lá na ampulheta,
seu tempo, espaço e fim. Fim.
Os elos delimitam minha extensão,
ditam meu repertório de possibilidades.
Dolorida privação
sem a peneira de privacidade.
Os gritos pesam-me as mãos.
E a máquina social funciona conforme o manual:
votado, testado, direcionado, conceitual.
Sendo Eros, Thanatos e Deimon.
Nutrindo e marcando a dor
Para daqui a...
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