Quando eu te falar em encontro, na sua mente, com certeza, algo muito vago aparecerá... E estará longe nosso alcance, enquanto diferenças saltam aos olhos.
Afinal, quando eu não sei o nome do personagem principal da novela das oito, te decepciono. Se você não sabe o preço do dólar, me assombro.
Nossa conversa não continua. Nos separamos sob aparente cordialidade. Nossos pseudocompromissos urgem.
E sentimos saudade do tempo e saudade de ter tempo.
Longe no tempo, neste mesmo espaço, nossas mães e pais conversavam animadamente e combinavam um grande almoço de domingo! As alegrias entre as crianças que éramos não nos servem mais: crescemos e somos egoístas a ponto de não proporcionar a nossos filhos a união.
Enterramos os hábitos de visitar e receber, sob o cansaço, a tv e a preguiça.
Se eu te perguntar qual foi a última visita que nossas casas receberam – caso a gente ainda se lembre – é provável que tenha sido um vendedor ou coisa parecida.
Também, tanto você quanto eu, não visitamos ninguém.
Se você me convida, não vou. Comodista e auto-suficiente, sento-me frente a esse computador idiota. Recolho-me à insignificância de meus trabalhos, enquanto as crianças assistem àquele novo desenho... Afinal, tenho de trabalhar para comprar novos DVDs, mais CDs.
Em sua casa a coisa apenas aparenta ser diferente: uma cerveja e um jornal te acompanham. Você se lembra de mim quando alguma notícia pode servir para encompridar nossa ‘conversa’. E os dias passam junto aos capítulos da novela.
Lembro-me de você quando vejo aquelas propagandas de solidariedade. Poderíamos ajudar muito. Sozinha, desanimo. Se te encontro, esqueço de falar... Esquecimento fútil, banal sintoma do estresse...
Na hora de dormir, minha prece te inclui porque você é divinense – e peço por todos meus irmãos de terra. Só aqui minha comunicação é eficiente! Mas a união fica restrita a um Deus, como se Ele não tivesse filhos...
Um dia vou te perguntar como é sua oração. Não. Afasto a idéia. Você vai tomar por invasão de privacidade.
Se você lesse essa crônica, faríamos tudo diferente?
Amanhã é domingo...
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