Sinto que minha vida está sendo reduzida...
Reduzida a leis: não posso dar uma palmada em meu filho, não posso contar piada de judeu, não posso usar um véu muçulmano na França. É um conjunto expressivo de nãos dirigidos a nadas.
Esqueceram quem eu sou...
Esqueceram que disciplina é caridade, que rir é uma forma de reverenciar, esqueceram de que uma roupa não é uma pessoa.
Meu bom coração foi desprezado nessa construção.
E, pasma, constato que isso tudo está no papel!
Aprendi desde cedo que só uma lei não reduz: “A Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesma!”
Assim, me lembro de uma personagem de Bernardo Guimarães que chegou a uma fazenda para se casar. Ela se deparou com a impossibilidade de viver plenamente um casamento porque sua boa vontade “esbarrou” na rigidez do costume!!!
Quase um século depois, pouco mudou, e querem reduzir tudo. Só a aparência toma ares de evolução! Assim...
Tudo tende a ser reduzido, no intuito de que as coisas mais complexas assumam um caráter simplista que não possuem de fato.
Dessa forma, posso chamar um heterossexual de “veado”, sem problemas. Mas não posso dizer que um homossexual o é. Um moreno pode ser chamado de “tição”, mas não um negro. E assim por diante... Afastando-se a redução simplista, veja o que acontece: a contradição aparece! Você não pode “brincar” com a verdade! O respeito se torna uma aparência forçada...
E quanto ao “papel”, nessa inversão? Aí é que a coisa se complica deveras. Tudo existe de fato, mas colocar no papel... Impensável. Impraticável. Tabu. União homossexual, aborto, corrupção, por exemplo. São certezas-tabu que existem e que não se pode falar. Muito menos legalizar, colocar no papel. E a lista aumenta a cada dia... Por quê? Alguém me explique por que chegamos a tal estado surreal de inversão...
Pior é pensar no que pode ainda acontecer. Daqui a algum tempo haverá uma lei que me proibirá de tomar vermífugo, em defesa do direito à vida das lombrigas! A última lei será a de defesa das louras! Brincadeirinha?!
Com códigos plenos, reconhecidos e ratificados, o Estado invade meu corpo, minha mente. Ai de mim!
Estou farta de opinião cerceada, de direitos surrupiados de forma tão vil e sorrateira. Cansei dessa felicidade reduzida, dessa cidadania meia-boca.
Eu, Izaida, me sinto reduzida:
IZ AIDA
IDA
IZA
Ai...