terça-feira, 26 de abril de 2011

GRATIDÃO

Acredito que a gratidão é condição fundamental para a evolução de pessoas e comunidades.






Divino deve muito a este homem.

Pra quem não conheceu, este foi o Juiz Diógenes de Araújo Netto, idealizador da Escola da Comunidade Divinense, que lançou Divino ao status de pólo regional em educação.
Mineiro de Abre Campo, ele receberia a Medalha da Inconfidência no dia 21 de abril de 2011. Infelizmente, faleceu em Belo Horizonte uma semana antes do evento, no dia 15.
A ele, o reconhecimento por tudo o que representou na busca por melhorias sociais, por dignidade e por nobreza de ideais.

Sobre ele, no site da Amagis, tem-se:
Quando menino, sempre ouvia de seu pai: “Você pode ser o que quiser, menos advogado”, relembra o magistrado, frisando que seu pai tinha certa “ojeriza” desse profissional. Prestou vestibular para engenharia, mas apesar de ser muito estudioso, não passou nas provas. O destino já o levava em direção ao direito. E foi pra ele, de fato, que Diógenes se dirigiu. Passou em um dos primeiros lugares no vestibular na Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro. Contra o gosto de seu pai, deu início ao curso, o qual concluiu em 1952. Anos depois, prestou concurso para a magistratura mineira e, em 1958, entrava para a carreira que ainda lhe renderia uma série de surpresas.
Quando o senhor iniciou a carreira foi obrigado a ficar afastado e parar de atuar na magistratura. Como isso aconteceu?
Eu estava em minha primeira comarca, na cidade de Divino, onde também fui o primeiro juiz. Em 1964, em plena revolução, recebi a notícia de que acabara de ser colocado em disponibilidade. Naquele ano, fui condecorado pelo Ato Institucional nº 1. O motivo? Até hoje, eu não sei. Saiu uma publicação no Diário Oficial dizendo: o governador, com base no AI nº1 resolve colocar em disponibilidade o bacharel Diógenes de Araújo Netto.  Só isso, sem qualquer motivação. Eu continuava a ser juiz, mas não podia exercer a atividade.
Quais os efeitos que o fato trouxe para o senhor, tanto na vida pessoal quanto na profissional?
Na vida profissional, eu acredito que tenha prejudicado na minha promoção. Hoje, eu poderia ser um desembargador aposentado. Mas, o maior efeito, acredito, que tenha ficado com minha família, que ficou triste com o que estava acontecendo, e com meus amigos. Alguns deles ficaram até em dúvida, imaginando que eu pudesse ter feito alguma coisa para ser colocado em disponibilidade. Eu não sabia explicar por que não sabia o motivo. Se havia algum, até hoje, eu desconheço.
Nesse período, em que o senhor não podia exercer a magistratura desenvolveu alguma atividade?
Fiquei 16 anos sem poder atuar na magistratura. Eu era professor, na época, com título do Ministério da Educação. Comecei então a lecionar e fiz o curso de Letras na Faculdade de Filosofia de Caratinga. Fiz pós-graduação e me tornei mestre em lingüística e filologia. Lecionei latim na mesma faculdade onde estudei.
Quando e como se deu o retorno do senhor para a carreira?
O meu retorno se deu em 1980, possibilitado pela anistia. Eu parei de lecionar e voltei a atuar como juiz na comarca de Teixeiras, onde fiquei apenas três meses. Abriu uma vaga por antiguidade, e eu era o juiz mais antigo, já que foi contado meu tempo de disponibilidade. Fui para Campanha, onde fiquei seis meses, sendo promovido por merecimento para Caratinga. Lá, fiquei seis anos e fui promovido, também por merecimento, para Belo Horizonte.
Depois da aposentadoria, em 1995, pela compulsória, voltou a lecionar?
Iniciei um trabalho de escrever um dicionário de grego moderno. Hoje, ele está pronto, em fase de revisão. Além disso, coordeno trabalhos na minha fazenda de produção de café.
Para o senhor, qual a importância de uma associação de classe?
A associação de classe representa a força para defender os direitos de cada associado e estudar o campo de ação da classe, para que haja melhor produção, e para que o produto seja mais qualificado. A Amagis representa, a meu ver, exatamente o desejo da magistratura de estar sempre se atualizando e melhorando. O objetivo, alcançado pela Associação dos Magistrados Mineiros, é trazer mais força e prestígio para os juízes e desembargadores, para que eles possam desenvolver cada vez mais e melhor seu trabalho.
A Amagis lançou a MagisCultura, revista de cultura e arte dos magistrados mineiros. Qual a opinião do senhor sobre a revista?
Acho que é um trabalho muito importante. A arte e a literatura amaciam o sentimento da gente, e todos nós nos resumimos em sentir, pensar e agir. Principalmente, o homem magistrado, o juiz. Ele tem que ter uma sensibilidade delicada, um pensamento sólido e uma ação decidida e segura.
 
Como ex-aluna da Escola da Comunidade, senti-me obrigada.
Obrigada.
 
 

segunda-feira, 11 de abril de 2011

ORAÇÃO FRENTE À PERDA



Com tantas tragédias acontecendo no mundo...
Com tantas tristezas espalhadas...
Na tarde que sucedeu ao Massacre de Realengo, um acidente de trânsito colheu Danilo, 21 anos, filho de minha amiga de infância. Recolhi-me em prece e escrevi uma oração, único consolo possível nestas despedidas.
Dedicada a Silvana Alves Frossard.

Senhor
Diante de Ti me encontro, como em todos os dias de minhas vidas. Foram dias por Ti contados. Marcados pelo Teu desejo de que eu melhore e evolua sempre.
Em muitos desses dias recebi alegrias, muitas delas proporcionadas pela pessoa que se foi, conforme a Tua permissão. Agradeço cada sorriso, cada bom momento, cada pedacinho de felicidade que o Senhor colocou em minha vida. Obrigada, Mestre.
Em outros dias, vivenciei tristezas. Por elas também Te agradeço, Mestre. Porque eu não seria capaz de reconhecer a tristeza, se não tivesse antes conhecido a felicidade.
Percebi mudanças no mundo e em mim, ao longo desses tempos. O que não mudou nunca foi Teu cuidado por mim. Novamente, obrigada.
Neste momento de profundo pesar e de insistentes lágrimas, meu coração recorre ao Teu amor.
Pai amigo, eu lhe suplico...
Me dê forças para enfrentar a dor, a ausência, a saudade, vencendo-as uma após outra, para a glória do Teu nome.
Me ensina a conviver com esses sentimentos tão contraditórios. Porque a perda é uma ilusão. O aprendizado virá e a Tua Verdade me libertará da revolta, da angústia, do desespero.
Afasta de mim o cálice da incredulidade, do desamor, da depressão, da inércia. E me dá de beber a ação, o amor, o trabalho. Que não me faltem a solidariedade, a compaixão e a caridade, que doravante serão meus companheiros.
Também permita que eu aprenda a me bastar, para não contagiar ninguém com minhas fraquezas, como Jesus crucificado se resignou em suficiente fé e paz.
Me ilumina para que eu possa reverter todo o meu sofrimento em exemplos, que vão fertilizar almas. Converta em lições  minhas feridas, minhas tragédias, minhas lembranças. E alcance os corações de todos através de minha triste história: fortalecendo os que se encontram feridos como eu e encorajando aqueles que possam impedir que outros sejam feridos da mesma forma que eu.
Me aqueça com a humildade, que me mostra o quanto sou pequena, frágil e dependente dos outros. E me vista de coragem, porque preciso estar junto aos irmãos que são pequenos, frágeis e dependentes de mim. Em Ti me fortaleço, porque só junto a Ti está o conhecer, o sentido, a Vida.
Põe em mim Tua mão e cura meus medos, minha falta de fé, minhas dúvidas. Cuida, quando eu tropeçar. Suporta minha lamúria. Acalenta minha vida.
Faz com que a força do Cristo me ampare e a duçura de Maria me conforte.
Por fim, me ensina a amar mais. Porque minha perda não significa um amor que se foi, mas um amor que ficou. Um amor presente, cuja beleza não pode ficar escondida. Que meu amor transborde e acolha, multiplique e floreça. Conforme a Tua Vontade.
Abençoa minha família, minha comunidade, meu país e nossa humanidade.
Para meus queridos que se encontram junto a Ti, beije-os por mim, Senhor.
Que sejamos todos sustentados na luz que de Ti emana.

Assim seja.

                                   Izaída Stela do Carmo Ornelas




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