Pedro
Nava dizia que a experiência é um farol que ilumina para trás...
Acredito
que é somente olhando para trás que conseguimos entender como e por
quê estamos aqui hoje. Esse entendimento me parece uma boa base pra nosso
amanhã.
Por
isso, esta história de Natal. Um natal distante no tempo, mas que se faz
personagem, sob a luz do farol da experiência.
Noite
de Natal...
Duas
crianças pequenas e muitas contas pra pagar... Na quebradeira geral que a
região cafeeira enfrentou, no final dos anos 80, estávamos incluídos. O menino
maior cutucava o pé da mesa, cabisbaixo, ainda sentindo muito a morte de minha
mãe, no final de novembro. O menor, sem compreender seu primeiro aninho, sorria
um riso distante.
Então
chegou o Papai Noel. Eles souberam disso apenas por um barulhinho - tec, tec – no telhado. E logo encontraram
um saco cheio de presentes: muitos pacotes coloridos!
Que
maravilha! Feijão, açúcar, sardinha... Que delícia! Um pião, um carrinho, um
pacote de macarrão...
- Faz
pra gente, mãe, que é presente do Papai Noel!
E os
olhinhos brilhavam, de encontro à fartura de uma compra de mês, misturada a
brinquedos simples e a muito amor.
Uma
caixinha de giz!
E o
menino maior foi até o meio do quintal, escrever no cimento, bem grande:
“PAPAI
NOEL OBRIGADO”
Meu
presente estava ali.
Izaída
Stela do Carmo Ornelas