Nasci
e cresci na mesma casa onde moro hoje, no centro da cidade de Divino-MG. Olhando
para minha história, que é bem semelhante à história de nossa comunidade,
percebi que enquanto ampliamos nossos horizontes, neles enfrentamos uma
sucessão de preconceitos velados.
Quando
comecei a estudar, conheci o grande preconceito que havia – se é que ainda não
há – entre os moradores da Praça e da Rua Nova. Os alunos da Rua Nova sofriam
bullying incessante e as crianças da Praça se acreditavam superiores! Meus avós
maternos moravam na Rua Nova, minha mãe era da Rua Nova.. Eu não conseguia
entender bem a coisa e me sentia dividida...
Mais
tarde, visitando cidades vizinhas, confesso que muitas vezes tive vergonha de
dizer que era de Divino, porque sempre alguém dizia ser aqui um lugar de
assassinos, de arruaceiros, de caloteiros, etc. “Mata um por dia”, “mata pra
ver cair”, “dá nó em goteira”, etc. Vergonha alheia! Quem nunca? Todo divinense
tem um “causo” desses pra contar!
Morando
no Rio de Janeiro, nos anos 1980, me sentia triste quando alguns cariocas
ficavam “tirando sarro” dos mineiros, porque lá somos tomados por caipiras,
tolos e avarentos. O que há de verdade nisso tudo? É que tomam uma parte pelo
todo! Alguns mineiros são caipiras, mas não todos. E as comparações levianas
continuam!
Quem
nunca foi vítima de preconceito, afinal?
Acredito
que assim se sentem os sírios que se refugiaram em diferentes países. No fundo,
pelas costas e na maior parte do tempo, são rotulados por terroristas... Sendo
que poucas pessoas se preocuparam em conhecê-los, antes de julgar. Não
aprendemos ainda, mesmo já tendo sofrido – e muito - com o preconceito!
A
ignorância é mesmo uma péssima companhia e o medo, seu pior conselheiro! Se
forem más pessoas, o ‘pecado’ é deles. Mas que cada um de nós não carregue
consigo o grande pecado de não reconhecer Jesus no próximo.
Fé e amor são linguagens universais.
Bem-vindas as famílias sírias que escolheram nossa cidade para viver!
Paz
a todos. Salam.
Izaida
Stela do Carmo Ornelas