sábado, 15 de novembro de 2014

UM DIA DE BORBOLETA



Um barulhinho estranho... Flap, tic... De onde vem? Procuro atrás do móvel. E novo flap me faz descobrir uma borboleta, dentro de uma moringa antiga. Como foi que ela conseguiu se enfiar ali? – pensei. Bom, o importante agora é que ela precisa sair dali. Como fazer?
- Ingrid, dá uma idéia, peço.
E começamos a sacudir o vidro, virar de boca pra baixo, levar para o sol... Talvez a claridade atraísse a bonitinha. Nada.
De repente, Ingrid me conta que esse tipo de borboleta vive apenas um dia.
Foi como se ligasse um botãozinho turbo na minha cabeça. Vinte e quatro horas apenas! O que faria eu se minha vida fosse resumida a vinte e quatro horas? E você, o que faria? Quais seriam nossas prioridades?
Começo a relativizar: se o tempo de existência da terra fosse reduzido a um ano, o ser humano teria surgido às 22:30 do dia 31 de dezembro. Uma curiosidade e tanto; uma lição de humildade para tantos! Qual seria o tempo da borboleta? Estaria já madura?! Daqui a pouco seria uma anciã...






Resolvemos por fim ao cárcere da jovem, destruindo o presente que ganhamos pelo casamento, em outubro de 1987. (Desculpe-me, Gracinha Oliveira, mas tive de quebrar. Quebrei com respeito. Juro. Sei que você vai me entender.)
Fora do vidro, a beleza dela nos encantou. E a lição ficou.
Que tempo vale mais? Que matéria vale mais, a borboleta ou o enfeite? Que atitude vai fazer diferença daqui a alguns anos?
Escolhemos preservar ambos: a vida da borboleta e a lembrança da moringa.



Izaida Stela do Carmo Ornelas



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