Na
sociedade romana antiga havia um ditado: “não basta que a esposa de César seja honesta; ela tem que parecer honesta.”
Dois
séculos não foram suficientes para alterar esse comportamento.
A
maioria das pessoas ainda tem uma fixação excessiva em parecer, deixando de
lado o ser.
Não
basta que o sujeito seja apaixonado; tem que tatuar o nome da amada... Não é
suficiente ser um bom cidadão; tem que protestar... Não basta que homem e
mulher sejam felizes juntos; tem que estar casados, ostentar uma aliança enorme,
festejada em ocasião suntuosa. Não basta que a pessoa seja caridosa; é preciso
divulgar na mídia suas ações... Não basta que você seja feliz; se não aparentar
felicidade...
Não
basta a virtude; é preciso o glamour da aparência.
E
o empenho em ser fica sempre em
segundo lugar.
O
caminho inverso está, assim, delineado. O quanto de felicidade aparente nos
posts do facebook é felicidade real? O quanto de decência, de honestidade, de
virtude, são qualidades reais?
Escondidos,
atrás da aparência, da mídia, da propaganda, estão os corruptos, os criminosos,
os maus profissionais... Muitas vezes rindo de nossa credulidade; sempre
posando de “coitadinhos”, quando são questionados a fundo. Graças a nossa
ingenuidade, eles conseguem inverter os papéis e se convertem em “tadinhos”,
mesmo tendo roubado, aleijado, lesado... Afinal, eles têm a simpatia material,
enquanto a razão, que é espiritual, não tem esse apelo tão forte...
Com
estas atitudes reafirmamos, subliminarmente, que acreditamos mais no material
do que no espiritual. Enquanto não encontramos materialidade nas virtudes, geralmente,
nós as negamos. Mas quando encontramos materializado um simulacro, um arremedo
de virtude, nós tendemos a aceitar de pronto.
Assim,
a mentira material recebe maior valor – e maior credibilidade - do que a
verdade espiritual.
Vamos
pensar mais, pensar melhor. A vida acontece além das aparências.
Izaída
Stela do Carmo Ornelas
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