Nunca
vi uma frase tão canalha...
O
que é responsabilidade de todos acaba sendo responsabilidade de ninguém! E
nossa preguiça acha muito bom não ter responsabilidade nenhuma, nenhuma
cobrança. Nossa omissão se deita ao sol, enquanto nosso juízo tira férias!
Cuidar
da pracinha: responsabilidade de todos. Cuidar dos jovens: responsabilidade de
todos. Educação: responsabilidade de todos. Responsabilidade de quem? De quem?
Todo mundo corre da responsabilidade: não é dos pais (que não têm tempo), não é
da escola (que só precisa instruir), não é do Estado (que não pode intervir),
não é das religiões (que só se reportam à divindade)... E enquanto ninguém
assume a educação, ficamos assombrados com vandalismos, com a corrupção, com
toda a sorte de malefícios sociais que advém da falta de serviço físico e
mental para nossos jovens.
Assumir
a responsabilidade já está na Lei. Quando um menor rouba, depreda patrimônio,
ou mesmo quando lesa moralmente a alguém, o código brasileiro prevê a
responsabilidade de seus pais, no sentido de ressarcir os prejuízos causados. Está
no Título IX Da Responsabilidade Civil, Título II, Capítulo I, Da
Obrigação de Indenizar. O artigo 932, em seu inciso I, atribui aos pais a responsabilidade
pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua
companhia.
Da mesma forma, quando
uma criança foge da escola e pratica algum delito, a escola tem também sua
responsabilidade. Houve descuido ou negligência? O que aconteceu? É preciso
apurar as coisas com isenção, com lisura, acima de preferências pessoais,
políticas e ideológicas. Saudade do tempo em que Educação Moral e Cívica era
uma disciplina com aulas semanais! E sei que vou sentir saudades do tempo em
que Educação Física era ensinada já nos primeiros anos da escola! Tudo nos vem
sendo tirado há tempos... Estamos passivos, por isso condenados a sofrer
atrocidades cada vez piores.
Mas será que somos
assim tão vítimas? Ou estamos apenas sendo perigosamente complacentes,
coniventes? Se “quem cala, consente”...
Se não assumirmos
nossas pequenas responsabilidades com relação à educação de nossos jovens,
estaremos condenados a enfrentar grandes dificuldades. Vamos começar agora a
mudar nossas ações, a construir efetivamente nosso futuro, conscientes de que
não nos cabe mais a desculpa esfarrapada de que “não é nossa obrigação”. Cuidar
de todos e de cada um é dever moral, cujo descuido gera uma perturbação que se
prolonga ao futuro, feito uma onda. A maior parte das igrejas chama isso de
pecado. O pecado da omissão, que rouba o futuro da gente.
Ficamos
estarrecidos quando vemos no jornal casos de assaltos, roubos e vandalismo,
como ocorreram em Divino, no início deste ano. Mas o que fizemos para evitar? O
que faremos agora que o cerco está se fechando? Continuamos omissos ou cobraremos
de nossas autoridades ações de verdade? Faremos cada um a nossa parte,
assumindo que “todos” é o coletivo de “cada um de nós”?
Aqui a
contribuição de minha profunda indignação.
Izaída Stela do
Carmo Ornelas
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