A INTELIGÊNCIA DOS ESPÍRITOS
“Duas coisas me enchem
a mente de crescente admiração e respeito, quanto mais intensa e frequentemente
o pensamento delas se ocupa: o céu estrelado sobre mim e a lei natural dentro
de mim.”
Immanuel
Kant (1724-1804)
Allan Kardec, ao instituir a ciência espírita, deixou um
legado incomparável à humanidade. A cada dia, novas nuances do conhecimento por
ele revelado se tornam visíveis, ou melhor, se tornam perceptíveis ao estudioso
que se propõe a investigar essa verdadeira herança cristã.
Sua obra partiu da observação do fenômeno das mesas
girantes, cuja causa – provou-se – era um princípio racional inteligível. Suas
constatações o levaram à publicação dos resultados verificados. Lançado em
1857, O Livro dos Espíritos está
dividido em quatro partes, que se desdobraram nos livros que se seguiram a ele.
A saber: A Gênese, O Livro dos Médiuns, O
Evangelho Segundo o Espiritismo e O
Céu e o Inferno.
Acredito que, no futuro, cada linha da codificação
kardequiana seja a semente de um novo livro, tal a implicação semântica e tal
inspiração hermenêutica. Da exegese do espiritismo, novas luzes são acesas,
novas candeias se impõem, permitindo o avanço do homem, em sua caminhada à
Divindade.
No caso do estudo da Inteligência, frisamos a estreita
vinculação da mesma aos princípios chamados por Kardec de “leis morais”,
subdividindo os tipos de inteligência humana de acordo com a proposta do
codificador. Assim, a terceira parte do Livro
dos Espíritos tem seu desdobramento no Evangelho
Segundo o Espiritismo e compõe uma perspicaz dissecação dos caracteres
desejáveis ao aprendizado, discriminados em dez leis.
A idéia de multiplicidade das inteligências foi colocada sob
forma de Teoria por Howard Gardner, no livro Estruturas da mente:
Teoria das Inteligências Múltiplas, lançado no Brasil em 1994. De lá para
cá, a teoria do psicólogo americano, que propõe a existência de um espectro de
inteligências a comandar a mente humana, suscitou muitos comentários,
contrários e favoráveis. Da
mesma forma, exigiu novos olhares e novas posturas aos educadores e
estudiosos.
De acordo com Gardner, estas seriam nossas sete inteligências:
Lógico-matemática: capacidade de realizar
operações matemáticas e de analisar problemas com lógica. Matemáticos e
cientistas têm essa capacidade privilegiada.
Lingüística: habilidade de aprender
línguas e de usar a língua falada e escrita para atingir objetivos. Advogados,
escritores e locutores a exploram bem.
Espacial: capacidade de reconhecer
e manipular uma situação espacial ampla ou mais restrita. É importante tanto
para navegadores como para cirurgiões ou escultores.
Físico-cinestésica: potencial de usar o
corpo para resolver problemas ou fabricar produtos. Dançarinos, atletas,
cirurgiões e mecânicos se valem dela.
Interpessoal: capacidade de entender
as intenções e os desejos dos outros e, conseqüentemente, de se relacionar bem
com eles. É necessária para vendedores, líderes religiosos, políticos e, o mais
importante, professores.
Intrapessoal: capacidade de a pessoa
se conhecer, incluindo aí seus desejos e de usar essas informações para
alcançar objetivos pessoais.
Musical: aptidão na atuação,
apreciação e composição de padrões musicais.
Atualmente,
Gardner admite a existência de uma oitava inteligência, a naturalista, que
seria a capacidade de reconhecer objetos na natureza, e discute outras, a
existencial ou espiritual e até mesmo uma moral – sem, no entanto, adicioná-las
às sete originais.
Acredito que as inteligências descritas por Gardner
perpassam as diferentes inteligências morais e, assim sendo, se integram
perfeitamente ao panorama intelectual aqui proposto. Neste contexto, entende-se
também a pluralidade de existências, a reencarnação, como fonte de faculdades
intelectuais.
O objetivo intelectual humano deve ser compreendido sob
forma ampla. Ora, a Inteligência dos Espíritos de desdobra em dez espécies de
habilidades, vinculadas às leis morais e tal desdobramento serve para explicar
os diversos campos que o ser humano deve desenvolver em si para construir
convenientemente sua evolução e para melhor conduzir o processo evolutivo de
si, em relação aos outros.
A cada uma delas está vinculada uma habilidade específica,
que se apresenta como ferramenta indispensável de progresso pessoal e de
sustentáculo ao progresso coletivo. Assim, todo conhecimento, como
pré-requisito à evolução humana, está inscrito na lei natural.
A concepção espírita da educação, baseia-se nas 10 leis
morais, divisões da lei natural básica, explanadas por Kardec no Livro dos
Espíritos:
1. a
lei de adoração, que coloca valor da prece, aproximando o homem de Deus;
2.
do trabalho, segundo a qual o esforço do indivíduo é uma necessidade do
corpo, tanto quanto do espírito;
3.
de reprodução, tratando da educação sexual, inclusive;
4.
de conservação, caracterizando o equilíbrio necessário – material e
espiritual – para o progresso;
5.
de destruição, onde nada se cria e tudo se transforma;
6.
de sociedade, da impossibilidade do homem sobreviver sem outros;
7.
do progresso, que é a evolução compulsória dos seres;
8.
da igualdade, como filhos do mesmo Pai, embora diferentes;
9.
da liberdade, que é um diferencial dos homens;
10.
de justiça, amor e caridade, ou seja, da promoção do Bem.
Aplicados à educação, tais preceitos visam, em primeiro
lugar, à criação de homens de bem. Incluem um convite à reflexão de nossos
educadores de suas próprias concepções no que diz respeito aos preconceitos e
às diferenças. A máxima do Cristo - “faça ao próximo aquilo que você
gostaria que fizessem a você” - resumiu a Didática Espírita.
O indivíduo, por ser um princípio inteligente criado por um
desejo/pensamento de Deus, traz em si o gérmen de cada uma dessas dez
inteligências, a ser desenvolvido através de suas experiências reencarnatórias.
O buril: a Boa Nova.
I – A INTELIGÊNCIA DE
ADORAÇÃO
“Reconhecei o homem
pela faculdade de pensar em Deus.” Questão 592 do Livro dos Espíritos
Os limites de linguagem impõem os limites do pensamento,
ensinou o pensador Ludwig Wittgenstein (1889-1951). Embora negasse a existência
das leis naturais, o filósofo acenou para a impossibilidade de entender o mundo
sem a linguagem enquanto ferramenta. Para nós, divina ou profana, a linguagem
do pensamento é o que difere, a princípio, o homem do animal e coloca a chave
na ignição de seu processo evolutivo.
A maior dificuldade da maioria dos seres humanos é com
relação à oração. Por isso as fórmulas decoradas predominam. A conversa direta
e franca com o Criador é, para a criatura, muito difícil. A linguagem mais
importante, para a inteligência real, fica, assim, em último plano. Dominando a
ligação direta com o Criador, o homem aprende a expandir seu pensamento: “o pensamento e a vontade representam em nós
um poder de ação muito além dos limites da nossa esfera corporal”, apurou
Kardec, na questão 662.
Vejamos a adoração com um olhar ampliado. Ela está contida,
por sua importância, no primeiro mandamento: “Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma,
de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças” (Marcos, 12:30). Pelo
primeiro tipo de inteligência, submisso à Lei de adoração, temos que o homem
aprende a utilizar seu pensamento em direção à Divindade, quando aprende a
dominar sua linguagem. Mas o que significa isso? O domínio da linguagem vai
além do domínio da língua, propriamente dita. O objetivo desse tipo de
inteligência é levar o homem a perceber que todo gesto é linguagem, toda
manifestação instintiva é linguagem... E, portanto, uma forma de adoração, de
agradar ao Criador.
Mais tarde, a criança vai descobrindo suas formas de
interação, que o adulto desenvolve... E assim sucessivamente. Até que a prece
se transforme em linguagem primordial. Parte da habilidade intrapessoal
gardneriana e avança...
Um exemplo de predomínio da inteligência de adoração é o
caso do mestre que consegue dominar seu pensamento enquanto energia e trabalhar
com ele. Conta-se que o mestre zen estava doente, gravemente enfermo, e
precisava de intervenção de emergência. Entretanto, ele pediu aos médicos que
lhe dessem uma noite em meditação, antes de qualquer outra providência. Depois
da noite inteira meditando, “milagrosamente”, ficou curado. Indagado pelos
médicos, explicou que havia feito um ajuste de sintonia na vibração de seu
corpo físico. Foi como se estivesse afinando um instrumento...
Personalidades que melhor traduzem o predomínio da
habilidade de adoração: Dalai Lama, Chico Xavier, Sai Baba. São pessoas que se
concentram em falar e, principalmente, em ouvir. Porque a consciência de
adoração dá a eles a faculdade de sondar a resposta de Deus através do outro,
seu interlocutor. Estão sempre procurando – e encontrando – os sinais de Deus
no seu próximo.
Conclui Aristóteles que ‘só
há um princípio motor: a faculdade de desejar’.
Como desenvolvê-la: reconhecendo em si a centelha divina,
que é nosso princípio, colocando-a em sintonia com o Todo, aumentando sempre e
mais a sua luz.
É o primeiro dos mandamentos: Amai a Deus sobre todas as
coisas, com todo o teu coração, todas as
tuas forças, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento!
II – INTELIGÊNCIA DO TRABALHO
Ocupar-se. Estar em ação. Praticar o amor cristão: ver,
agir, transcender. Trabalhar em si, da mesma forma e na mesma medida em que
trabalhar pelo próximo.
“O preceito religioso
de que um homem deve mostrar sua fé por meio de suas obras vale também na
filosofia natural. Também a ciência deve ser conhecida pelas obras. É pelo
testemunho das obras, e não pela lógica ou mesmo pela observação, que a verdade
é revelada e estabelecida. Decorre disso que o melhoramento da mente de um
homem e o melhoramento de sua condição são a mesma coisa”, assevera Francis
Bacon (1561-1626)
A inteligência do trabalho é aquela que compreende e põe em
prática os 99% de esforço einsteniano, em contrapartida ao 1% de inspiração. Já
foi descrita pela corrente interacionista, através do “aprender a fazer,
fazendo” e implementada pela Escola Ativa.
“Fazer é a ponte
indispensável entre o conhecer e o vencer, entre o saber e a sabedoria”, ensina
Lucius, através da mediunidade de André Luiz Ruiz.
Minha avó dizia que ‘serviço de criança é pouco, mas quem
desperdiça é louco’. Sábias palavras. Não se trata de abusar dos esforços de
ninguém, mas de ensinar o prazer do esforço em busca de uma conquista. O
objetivo pode ser tanto uma cozinha limpa, com louças lavadas, quanto um
caderno passado a limpo; a satisfação que vem com o término daquela etapa
aproxima o indivíduo do Bem.
Na questão 676 do Livro dos Espíritos, Allan Kardec frisa: “sem o trabalho, o homem permaneceria sempre
na infância, quanto à inteligência”. Ajuda-te e o céu te ajudará. Desperdiçar
oportunidades de ensinar é loucura e desperdiçar oportunidades de aprender,
também. Sempre.
Todos nós conhecemos aquela pessoa dos tempos da Escola que
não tinha tantos talentos em termos de raciocínio lógico, de dedução, nem
predomínio de boa memória, mas que conseguiu se formar e obter êxito através da
perseverança, da persistência, ou seja, do trabalho incessante. São pessoas que
trabalham até suas dificuldades!
De acordo com Emmanuel, pela psicografia abençoada de Chico
Xavier, “o teu trabalho é a oficina em
que podes forjar a tua própria luz”. Assim seja! É pelo trabalho que
podemos suprir a maioria das carências de outros tipos de inteligência. Dá pra
construir um pouco de cada uma delas pelo esforço pessoal, orientado pela meta
de perfeição.
Paralelamente ao trabalho, o repouso também é necessário,
para que a força criativa – que não deixa de ser uma forma de trabalho – seja
exercitada, enquanto a matéria se refaz do esforço laboral.
Também cumpre lembrar o mau uso que é feito do trabalho
enquanto punição, o que afasta a criança do sentido real de esforçar-se.
Colocar o trabalho como um castigo é de uma inutilidade tamanha e pode ter
conseqüências funestas.
Exemplos de personalidades desenvolvidas em inteligência do
trabalho: Albert Einsten, Thomas Edison.
III – INTELIGÊNCIA DA
REPRODUÇÃO
Escolher nosso parceiro(a), compreendendo as conseqüências
de nossa escolha no ciclo evolutivo de cada um, é tarefa das mais difíceis,
quando não se domina esse tipo de inteligência. Envolve o conhecimento da lei
de amor, para que não se caia nas armadilhas armadas pela confusão entre amor e
outros sentimentos de “menor pureza” como a paixão. As conseqüências vemos
todos os dias: depressão, divórcio, aborto... Estamos aqui para entender as
causas.
Emmanuel ensina que existe sempre uma conseqüência da
utilização de uma energia. No caso da energia sexual, ele diz, textualmente: “criatura alguma, no plano da razão, se
utiliza da energia sexual, nas relações com outra criatura, sem conseqüência
feliz ou infeliz, construtivas ou destrutivas, conforme a orientação que se lhe
dê”.(no livro Vida e Sexo, pela mediunidade de Chico Xavier, 1988) E quando
Emmanuel escreve o termo ‘em relação com outra criatura”, entenda-se tanto a
criatura encarnada, quanto o desencarnado que porventura esteja nesta relação.
Então, a habilidade reprodutiva inclui a utilização
responsável de todas as energias envolvidas: sexuais (físicas ou espirituais) e
morais, em consonância com os ditames de Jesus. O indivíduo que domina a
inteligência da reprodução consegue uma família na verdadeira acepção do termo:
na carne e no espírito.
A figura bíblica que melhor exprime um inteligente
reprodutivo é José, o pai de Jesus. José aceitou o desafio de acolher Maria,
sabendo dos riscos de falatórios e de preconceitos comuns a sua época. Como o
mundo seria, se José não fosse um espírito avançado em inteligência
reprodutiva? As conseqüências seriam, talvez, nefastas. E as escolhas
inteligentes continuam não sendo assim tão fáceis de serem tomadas!
Vamos pensar: se o espírito que está destinado a desenvolver
a cura da Aids ou do câncer for vinculado ao fruto de um estupro... Se a
criança encarregada de cuidar de você for aquela que você não aceitou e doou...
Se a energia destinada pelo indivíduo à paixão desenfreada e seus
“companheiros” – ciúme, embates, tramas – for canalizada para outras atividades
criadoras como a música, a literatura, a pintura...
Como desenvolvê-la: incentivando o indivíduo a perceber que
existem muitas nuances a serem observadas num envolvimento afetivo-sexual. O
prazer imediato não convém, quando se leva em conta suas conseqüências e as
inúmeras possibilidades que se abrem ao inteligente em reprodução.
IV - INTELIGÊNCIA DE CONSERVAÇÃO
“Um homem não sente
dificuldade em caminhar por uma tábua enquanto acredita que ela está apoiada no
solo; mas ele vacila – e afinal despenca – ao se dar conta de que a tábua está
suspensa sobre um abismo.” Avicena (980-1037)
O instinto de conservação é, aos poucos, substituído pela
inteligência, à medida em que a razão passa a atuar junto à ação conservadora.
Preservar a si e ao próximo significa mais do que fugir ao
perigo iminente e buscar subsistência física. Preservar-se moralmente e
espiritualmente também faz parte do processo desse tipo de inteligência.
A vida sem abusos e sem excessos é a meta. Daí os primeiros
homens serem também exímios esportistas, num primeiro momento, quando a conservação
de si predomina. Depois estes passaram,
gradualmente, à percepção da conservação coletiva.
Ecologistas e cientistas sociais pertencem a esse segundo subgrupo,
caracterizado principalmente por perceberem de forma ampliada o que Kardec
expôs na questão 707, do Livro dos Espíritos, donde se destaca: “A natureza não pode ser responsável pelos
defeitos da organização social, nem pelas conseqüências da ambição e do
amor-próprio”.
Os inteligentes em conservação pensam tudo sob formas
variadas. Lembrando o pensamento de Avicena, no início deste tópico, os
inteligentes em conservação pensam problemas e situações como se a tábua
estivesse no ar, mesmo que ela esteja na terra. E vice-versa.
Desse pensar, vai-se desenvolvendo um modo racional de
enfrentamento, ou melhor, de posicionamento junto aos possíveis usos da matéria
que nos constitui e constitui nosso planeta.
Conservar consiste, inclusive, em asseio mental. Não se
trata de “varrer” o mal, mas de transformar o mal em bem; o mau em bom; o
sofrimento em aprendizado... A reciclagem vai além das coisas materiais,
passando por nossos sentimentos. A ferramenta, aí, é o perdão a si e ao outro,
na superação do passado, liberando energias para o feitio do presente.
O sofrimento não é a Lei. A Lei é clara desde Oséias
capítulo 6, versículo 6, até Mateus 9, 13. Misericórdia
quero, não o sacrifício, orientou Jesus. Não sofrer e não fazer sofrer.
Porque misericórdia maior, para todos, está em expurgar o orgulho e o egoísmo,
pensando no próximo, respeitando o ar, o solo, a água, as plantas e os animais
como criações de Deus, moradas do Desejo Dele, um pensamento do Criador, que
chamamos de Princípio.
V – INTELIGÊNCIA DE DESTRUIÇÃO
“Os que não crêem em
sua imortalidade fazem justiça a si mesmos!” Robespierre (1758-1794)
Temos mesmo que ter coragem pra admitir a necessidade
natural de refazimento de nós mesmos. Apesar da ciência nos demonstrar que
nossas células se renovam e que nosso corpo não é o mesmo a curtos períodos de
tempo, relutamos em aceitar a informação.
E ao contrário do que parece, o indivíduo menos privilegiado
com esse tipo de inteligência é aquele mesmo que promove guerras, crueldades e
violências, colocando-se ao extremo da carência dessa habilidade. São os
defensores da pena de morte, os suicidas, os vingadores em geral.
Pessoas que têm o domínio da inteligência de destruição, ao
contrário de serem destrutivas, são as mais abertas ao novo! Conhecem a verdade
de se ter espaço para que boas coisas venham a habitar nelas mesmas. Geralmente
são pessoas empreendedoras de sucesso, começando com pouco mais que sua
inteligência de destruição. Reconhecem que não irão para trás, visto que já
estão lá. Como já possuem o NÃO, correm atrás do SIM que irá modificar sua
trajetória. São humildes, pacifistas e racionais.
“O que chamais
destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e a
melhoria dos seres vivos”. Allan Kardec, na questão 728, assim resume a
definição de destruição.
Steve Jobs e muitos outros visionários souberam como
reconhecer oportunidades pela visão privilegiada que têm/tiveram da destruição.
Ele dizia que os sonhos abandonados são pedaços de futuro que deixam de
existir, ao mesmo tempo em que teve que abandonar muitas de suas “certezas” pra
que seu futuro pessoal pudesse existir.
A própria vida já começa com a seleção natural. Quantos
espermatozóides pereceram para que houvesse cada ser humano? Indo um pouco
além, quantas Izaídas já deixaram de existir, que eu abandonei (ou mesmo
destruí) ao longo de minha vida, pra que minha evolução se processasse.
Tratamos de morrer para que o homem novo, ao qual Jesus se referia, tenha vida
plena.
Vários pensadores já se referiram a essa habilidade de
destruição:
“Você não conseguirá
pensar decentemente se não quiser ferir-se a si próprio.” Ludwig
Wittgenstein (1889-1951)
Pessoas que superam perdas de entes queridos exemplificam
esse grupo, pessoas que vão do luto à luta, como Cleyde Prado Maia Ribeiro, mãe
da menina Gabriela, criadora do Movimento Gabriela Sou da Paz. São muitas mães
e muitos pais. Também pertencem aos seletos inteligentes da destruição aqueles
que sofreram algum tipo de mutilação e partiram pra reverter a destruição em
construção e progresso, como o fizeram muitos dos nossos atletas paraolímpicos,
inclusive.
Ativistas que lutam contra a pena de morte também estão
inseridos neste grupo.
Ainda sobre a inteligência da destruição, tratamos de
aceitar a destruição de nossas convicções, em busca de melhores condições
mentais. Também cumpre haver coragem para ouvir, sem preconceitos, analisar
nossos “destroços” com bom senso e trabalhar sempre, no sentido de maiores
conquistas espirituais.
Pense nisso:
“Quem não ouve o que o
contraria, não se liberta da ilusão que o aprisiona”. Dr. Inácio Ferreira,
pela obra de Baccelli.
VI – INTELIGÊNCIA DE SOCIEDADE
A primeira relação social do indivíduo deve ser sua relação
com Deus: a primeira sociedade verdadeira.
Da comunicação com o
Pai, sucede a comunicação com a família e, posteriormente, com a comunidade. Esse
tipo de inteligência muito se aproxima com a inteligência interpessoal descrita
por Gardner (1994), porém exige do indivíduo o concurso de quase todas as
outras habilidades gardnerianas para que se desenvolva de modo conveniente.
Aprendemos em relação com os outros: exemplos, palavras,
livros... Daí a importância da família, da escola, da sociedade, dos grupos
onde se exercita a comunicação, onde o indivíduo pode aprender analisando,
comparando, ouvindo e também ensinando.
A construção conjunta de si mesmo é lição que o homem sorve
com maior proveito. E construir-se enquanto ampara o próximo, por sua vez, em
sua empreitada vizinha, tem maior valor evolutivo. A habilidade maior do
inteligente em sociedade consiste na humildade.
Podemos considerar a Lei de sociedade por dois ângulos
distintos: é uma Lei de laços, enquanto houver amor no processo social; não
havendo amor, passará a uma Lei de nós, prendendo o indivíduo até que ele
aprenda... Em suma, esta é sempre uma lei de ação e reflexão, pois o sujeito se
reconhece e se reflete na sociedade em que habita.
Willian (Bill) Grifith Wilson e Robert Holbrook, os
fundadores dos Alcoólicos Anônimos (AA) exprimem perfeitamente a idéia de
inteligentes sociais. Defensores dos direitos dos índios, como os irmãos
Villas-Boas, idem.
VII – INTELIGÊNCIA DE
PROGRESSO
“Para mim, a
existência eterna de minha alma é demonstrada por minha idéia de atividade. Se
eu trabalhar incessantemente até minha morte, a natureza estará fadada a me
conceder uma outra forma de existência, quando a atual não mais puder sustentar
o meu espírito.” Goethe (1749-1832)
A questão 692, do Livro dos Espíritos, diz: “Tudo se deve fazer para chegar à perfeição e
o próprio homem é um instrumento de que Deus se serve para atingir os seus
fins. Sendo a perfeição a meta que tende a Natureza, favorecer esta perfeição é
corresponder às vistas de Deus”.
Embora a resposta citada esteja relacionada por Kardec no
capítulo da lei de reprodução, tal colocação se vincula tanto à lei de
progresso, quanto a outras leis, como a lei de conservação e de sociedade. Favorecer
a perfeição de si e do próximo...
A mediunidade faz parte da inteligência de progresso, visto
que somente a verdade promovê-la. Grandes progressos no mundo foram promovidos
através da mediunidade: as tábuas da Lei de Moisés, contendo os dez
Mandamentos, são um exemplo e tanto! Também exemplos menores, visões que
mudaram o rumo das coisas, os sonhos premonitórios, insights, etc. É esta uma
das formas pelas quais os espíritos superiores podem auxiliar em nossa
evolução.
Inteligentes acerca do progresso são aqueles que aliam amor
e conhecimento, na promoção do bem comum. Dominam tecnologias com alto senso de
moralidade. Geralmente são inventores devotados, comprometidos com a melhoria da
humanidade. Sir Tim Berners-Lee, criador na internet, faz parte desse grupo,
juntamente com Gutemberg, inventor da impressão tipográfica.
Nas fileiras espíritas, destaca-se Kardec. Afetivamente,
destaco as escritoras Amália Domingo Soler e Wera Krijanowskaia, que se
projetaram à frente de seu tempo, tornando-se luz radiosa ante as mulheres
espíritas de hoje.
A construção do progresso é, assim, uma empresa de
visionários. Do tipo que sonha sem restrições e que não reconhece o impossível.
VIII – INTELIGÊNCIA DE
IGUALDADE
“Nenhum mármore existe
mais puro e mais formoso do que o do sentimento, e nenhum cinzel é superior ao
da boa vontade.” Jesus (conforme psicografia de Chico Xavier, na obra Boa
Nova)
Sentir-se igual e desejar que esse sentimento tão bom inunde
a todos, eis a condição da pessoa hábil em inteligência de igualdade. Mesmo com
poucos recursos, ele tende a conseguir a promoção da igualdade, com consequente
supressão de desigualdades.
Tudo o que Deus faz é justo e bom. Por isso, as desigualdades
são facilmente inteligíveis, apenas sob a perspectiva da reencarnação, como
forma de resgate de dívidas, ou como provas evolutivas. Entretanto, omitir-se
no auxílio do próximo, utilizando-se dessa “desculpa”, não serve à evolução do
homem. Quem ajuda, prova sua boa intenção e quem recebe, prova sua humildade.
Há muito mérito nisso e onde há mérito, ali Deus está.
Pobre e rico; mulher e homem; forte e fraco; inteligente e
não-inteligente são desigualdades muito relativas. Estão em nosso caminho para
aprendermos: com o cinzel da boa vontade, “tirar da pedra” nossa porção divina.
Somos todos iguais, criados à imagem e semelhança de Um. E nas diversas
existências, os papéis se invertem, estabelecendo em nós a verdade da
igualdade.
Nascemos irmanados. Vivemos eternamente irmanados. Poucos o
percebem e menos ainda vivem de forma plena, conforme essa percepção.
Entretanto, quando percebemos que nossa imagem é a imagem de Deus, revelada
através do ciclo das reencarnações, aprendemos a verdadeira essência da igualdade.
O maior exemplo dessa habilidade é Madre Teresa de Calcutá,
trabalhadora incansável no bem. Merece destaque também o sociólogo Betinho –
Herbert de Souza -, criador da campanha brasileira de combate à fome. Estes já
contavam em seu ‘subconsciente’ com a inteligência gardneriana
lógico-matemática, intrínseca, capaz de garantir suas empresas e de viabilizar
seus projetos. Você pode chamar de honestidade a alavanca desses inteligentes! Também
seu carisma superava a noção de inteligência interpessoal...
IX – INTELIGÊNCIA DE LIBERDADE
“Uma pessoa comum
maravilha-se com coisas incomuns; um sábio maravilha-se com o corriqueiro.”
Confúcio (551-479 a.C.)
Liberdade é como o poeta Vicente de Carvalho encontrou a
felicidade: nunca a pomos onde estamos. Bastaria escolher colocá-la onde
estivermos. Apesar de termos a liberdade para isso, na maioria das vezes,
escolhemos diferente. Isso acontece porque ainda não aprendemos... Não a ser
felizes, mas, antes, não aprendemos a ser livres! Aprender a ser livre é um
delicado processo interior, que começa na liberdade de pensar.
Posso pensar o que eu quiser, mas as consequências de minha
escolha serão “colheitas obrigatórias”. De acordo com o que pensamos, podemos
fugir de várias armadilhas: Não escravizar a si mesmo (depressão) e nem ao
outro (opressão).
Também é preciso evitar a escravidão emocional, que tanto
pode gerar em mim a dependência do outro, quanto fazer com que o outro fique
dependente de mim. Dar liberdade é promover liberdade. Geral.
Tratamos aqui de conhecer-se, para ser livre, e não julgar,
para libertar.
Aquele que promove a liberdade com inteligência o faz por
meios pacíficos, como a resistência de Gandhi, nó processo de independência da
Índia.
Disciplina, afinal, como dizia Renato Russo, é liberdade. Em
outras palavras, é a melhor utilização de nosso livre arbítrio.
Ilustrando esse tipo de inteligência, um conto:
SORRISO
Ela sorriu para um desconhecido triste.
O sorriso pareceu fazê-lo se sentir melhor.
Ele se lembrou de gentilezas feitas por um amigo no
passado e escreveu-lhe uma carta de agradecimento.
O amigo ficou tão contente com o agradecimento, que
deixou uma grande gorjeta depois do almoço.
A garçonete, surpresa com o tamanho da gorjeta,
apostou toda a quantia na loteria.
No dia seguinte, recolheu seus ganhos e deu parte
deles para um homem na rua.
O homem ficou agradecido, pois havia mais de dois dias
que não comia.
Depois de terminar seu jantar, dirigiu-se a seu
quartinho sujo.
(Naquele momento ele não sabia que corria perigo de
vida.)
No caminho, recolheu um cachorrinho que tremia e
levou-o para se aquecer em casa.
O cachorrinho ficou muito agradecido por estar ao
abrigo da tempestade.
Naquela noite a casa pegou fogo.
O cachorrinho deu o alarme, latiu até acordar a casa
inteira e salvou todo mundo.
Um dos meninos que escapou do incêndio virou um bom
presidente quando cresceu.
Tudo isso por causa de um simples sorriso.
Barbara Hauck (Apud. Canfield)
Livre é a semeadura... Somente a colheita é obrigatória.
X - INTELIGÊNCIA DE JUSTIÇA, AMOR E CARIDADE
“O amor verdadeiro e sincero nunca espera recompensas. A renúncia é o
seu ponto de apoio, como o ato de dar é a essência de sua vida. A capacidade de
sentir grandes afeições já é em si mesma um tesouro. A compreensão de um amigo
deve ser para nós a maior recompensa. Todavia, quando a luz do entendimento
tardar no espírito daqueles a quem amamos, deveremos lembrar-nos de que temos a
sagrada compreensão de Deus, que nos conhece os propósitos mais puros. Ainda
que todos os nossos amigos do mundo se convertessem, um dia, em nossos
adversários, ou mesmo em nossos algozes, jamais nos poderiam privar da alegria
infinita de lhes haver dado alguma coisa!...”
Jesus (conforme psicografia de Chico Xavier, na obra
Boa Nova)
Jesus apresenta a Pedro a maior alegria: a alegria de fazer
um amigo feliz. Tratava-se de uma idéia que Pedro e seus contemporâneos “davam
conta” de entender. Entretanto, é chegado o tempo em que o Consolador vem e te
convida a encontrar alegria maior ainda em fazer a felicidade do inimigo!
Justiça e caridade são apêndices do amor. Justiça verdadeira
é amor puro. Trata de promover o amor e a felicidade de todos. Exige a ousadia
de fazer nosso inimigo feliz.
Conta-se que havia uma senhora que vivia falando mal do
Chico Xavier. O Chico ficava muito triste com isso, quando veio Emmanuel e
disse pra ele descobrir qual era o maior desejo daquela senhora. Chico logo
ficou sabendo que a tal senhora desejava muito uma máquina de costura e foi
contar a Emmanuel. O sábio companheiro espiritual logo sugeriu: “Vá, Chico,
compre uma máquina e dê o presente pra ela”. O obediente Chico, à custa de seus
pequenos vencimentos, parcelou num carnê a idéia do amigo. Qual não foi sua
surpresa quando a ranzinza senhora foi visitá-lo, constrangida e transmutada!
Eis uma felicidade! A justiça, o amor e a caridade, de mãos dadas, exultaram. A
maior coragem consiste em fazer um inimigo feliz! Haja coragem! Mas, no final,
quantas bênçãos!
Esta lei é uma verdadeira “lei de responsabilidade”, um verdadeiro
“Código de defesa do consumidor” do universo. Afinal, o mero cumprimento de
leis humanas não faz ninguém HOMEM. Assim sendo, reverte-se a justiça do olho
por olho, evoluída no sentido de assumir suas feições misericordiosas. “Misericórdia quero, não o sacrifício”,
relembramos.
Promover justiça é algo mais do que promover direitos: é
promover o respeito à integralidade do homem, do meio ambiente, enfim, de toda
a Criação. É promover a esperança.
Encontramos muitas pessoas e entidades engajadas na inserção
de ex-presidiários no mercado de trabalho, em promoção de justiça com vistas à
esperança e ao progresso. São inteligências a favor da justiça real.
O homem ainda precisa aprender que a maior expressão justiça
é o perdão. Quem perdoa pratica justiça ampla a si, ao outro e ao seu entorno.
O perdão ecoa mais que a vingança, por ser pura luz lançada à direção do
Criador. É também a maior caridade, que abre as portas e liberta...
“Lembra-te da esperança para que a tua caridade não se faça incompleta”,
assevera Emmanuel. Desta forma, a maior prova de caridade e de incentivo da
justiça e do amor, é inspirar esperança. Inspirando esperança, tudo passa a ser
possível.
Um exercício final:
Feche
os olhos. Respire. Inspire esperança, expire amor....
Inspire
Alegria, expire felicidade para todos...
Escolha
suas palavras...
Sinta
cada uma de suas palavras...
Acredite
em tudo o que recebe e deseja...
Receba
e doe...
Eis ESPERANÇA.
A EDUCAÇÃO DOS
ESPÍRITOS
A questão 917 do Livro dos Espíritos inquire acerca da
maneira de destruir o egoísmo. Em nota à questão, os espíritos apontam a Kardec
o caminho:
Louváveis esforços
indubitavelmente se empregam para fazer que a Humanidade progrida. Os bons
sentimentos são animados, estimulados e honrados mais do que em qualquer outra
época. Entretanto, o egoísmo, verme roedor, continua a ser a chaga social. É um
mal real, que se alastra por todo o mundo e do qual cada homem é mais ou menos
vítima. Cumpre, pois, combatê-lo, como se combate uma enfermidade epidêmica.
Para isso, deve-se proceder como procedem os médicos: ir à origem do mal.
Procurem-se em todas as partes do organismo social, da família aos povos, da
choupana ao palácio, todas as causas, todas as influências que, ostensiva ou
ocultamente, excitam, alimentam e desenvolvem o sentimento do egoísmo.
Conhecidas as causas, o remédio se apresentará por si mesmo. Só restará então
destruí-las, senão totalmente, de uma só vez, ao menos parcialmente, e o veneno
pouco a pouco será eliminado. Poderá ser longa a cura, porque numerosas são as
causas, mas não é impossível. Contudo, ela só se obterá se o mal for atacado em
sua raiz, isto é, pela educação, não por essa educação que tende a fazer homens
instruídos, mas pela que tende a fazer homens de bem. A educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso
moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece
a de manejar as inteligências, conseguir-se-á corrigi-los, do mesmo modo que se
aprumam plantas novas. Essa arte, porém, exige muito tato, muita experiência e
profunda observação. É grave erro pensar-se que, para exercê-la com proveito
baste o conhecimento da Ciência. Quem acompanhar, assim o filho do rico, como o
do pobre, desde o instante do nascimento, o observar todas as influências
perniciosas que sobre eles atuam, em conseqüência da fraqueza, da incúria e da
ignorância dos que os dirigem, observando igualmente com quanta freqüência
falham os meios empregados para moralizá-los, não poderá espantar-se de
encontrar pelo mundo tantas esquisitices. Faça-se
com o moral o que se faz com a inteligência e ver-se-á que, se há naturezas refratárias,
muito maior do que se julga é o número das que apenas reclamam boa cultura,
para produzir bons frutos.
A humanidade capitalista moderna tende a dividir tudo, como
se isso fosse possível. Escola e casa, educação e instrução, trabalho físico e
mental, etc. Muito me entristece quando vejo a radicalização: “Escola ensina e família educa”. Minhas
professoras muito me educaram, assim como meus pais muito me instruíram. Dessa
divisão perversa do trabalho resulta a perda do sentido real de
responsabilidade, de solidariedade, enfim, de amor ao próximo.
Quando vejo professores postarem nas redes sociais que seus
alunos são transitórios... Chego a ficar arrepiada! Existem pessoas
transitórias? Deus criou pessoas transitórias? São apenas corpos, do tipo
descartável? Que tipo de ser é capaz de passar por um relacionamento de cerca
de um ano com outro ser, em sala de aula, e não estabelecer vínculos afetivos?
Que tipo de sentimentos são esses???
A resposta está no materialismo, que invade nossas mentes,
nosso cotidiano, mesmo quando não nos damos conta disso. Sorrateiramente,
começamos a tomar por verdades pressupostos absurdos como esses. Professores,
pais, sociedade: Vigiai! Vamos nos
observar melhor, para não cairmos nas garras da inconseqüência, para onde nos
empurra a vertente materialista.
A divisão proposta por Gardner tem sua raiz no materialismo.
Sua consideração parte do que a pessoa já domina, visando centrar nesse domínio
o desenvolvimento, a vocação, o “destino”. A divisão kardequiana, pelo
contrário, considera as habilidades como um conjunto de objetivos. Sob esse
prisma, cumpre fazer “crescer” o que falta, utilizando o que já se tem.
Pensamos diferente, com a nova distribuição dos tipos de
inteligência, vinculados ao espiritualismo e voltados à evolução integral do
homem. Aqui existe esperança. Não há que esmorecer, visto que somente um
encarnou em nosso planeta, dominando todos os tipos de inteligência aqui
descritos: Jesus.
Na verdade, acredito que, no futuro, o ser humano já vai
trazer em sua consciência (ou no subconsciente) todos os conhecimentos ligados
a sua materialidade. Prontos para agir, como os instintos. Cálculo, códigos
verbais e seus congêneres estarão inseridos na bagagem (perispiritual) da
pessoa.
Além disso, as virtudes estarão, da mesma forma, arraigadas
no ser. Quando estagiamos nos diversos reinos, tivemos que freqüentar
verdadeiras escolas pra aprender a cultivar nossas células, a respirar, a
utilizar nossos membros: o primeiro momento. Hoje não precisamos pensar: “vou
digerir tal alimento” ou “tenho que respirar, tenho que inspirar, tenho que
expirar’...
Quanta tranqüilidade nos traz a racionalização dos processos
biológicos de nosso corpo! Quando pensamos intencionalmente nos movimentos de
respiração... No gesto de ingerir água, pensar na água sendo absorvida pelo
nosso organismo... Traz uma nostalgia que acalma. È um pequeno pedacinho de
verdade, que liberta!
Esses processos, entretanto, são realizados cotidianamente
por nosso corpo de maneira inconsciente! Eis o segundo momento: assim o será
com os conhecimentos de que necessitamos para agir no mundo material. Nós os
teremos já prontos pra uso, sem que haja necessidade de movê-los
intencionalmente.
No terceiro momento, assim o será com os conhecimentos de
que necessitamos para agir no mundo espiritual. Perdoar, amar, conviver, serão
faculdades inatas, corriqueiras. Perdoaremos da mesma forma com que respiramos.
É assim com os espíritos elevados. Só não podemos ainda entender isso tudo,
porque não temos ainda evolução para tal.
Nas pesquisas realizadas, o autor que melhor traduziu –
sinteticamente - o sentido do presente trabalho é Emmanuel, no livro A religião dos espíritos, conforme ditado a Chico Xavier:
“Em verdade, o homem
inteligente não é aquele que apenas calcula, mas sim o que transfunde o próprio
raciocínio em emoção para compreender a vida e sublimá-la. Podendo senhorear as
riquezas do mundo, abstém-se do excesso para viver com simplicidade, sem
desrespeitar as necessidades alheias. Guardando o conhecimento superior, não se
encastela no orgulho, mas aproxima-se do ignorante para auxiliá-lo a
instruir-se. Dispondo de meios para fazer com que o próximo se lhe escravize ao
interesse, trabalha espontaneamente pelo prazer de servir. E, entesourando
virtudes inatacáveis,não se furta à convivência com as vítimas do mal, agindo,
sem escárnio ou condenação, para libertá-las do vício, O homem inteligente,
segundo o padrão de Jesus, é aquele que, sendo grande, sabe apequenar-se para
ajudar aos que caminham em subnível, consagrando-se ao bem dos outros, para que
os outros lhe partilhem a ascensão para Deus.”
Assim
seja.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BACCELLI, Carlos. Na próxima dimensão. Obra mediúnica do
espírito Dr. Inácio Ferreira. Uberaba: Leepp, 2002.
BÍBLIA SAGRADA. São Paulo: Edições
Paulinas, 1975.
CANFIELD, Jack, M.V. Hansen e K.
Kirberger. Histórias para aquecer o
coração dos adolescentes. Rio de Janeiro: Sextante, 2002.
CARVALHO, Vicente. Velho Tema. Disponível em: http://www.releituras.com/vcarvalho_velhotemaI.asp
Acesso em 27/08/2012.
GARDNER, Howard. Estruturas
da mente: Teoria das Inteligências Múltiplas. São Paulo: Artes
Médicas,1994.
GIANNETTI, Eduardo. O livro das citações: um breviário das
idéias replicantes. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Distrito Federal: FEB, 1974.
RUIZ, André Luiz A. O amor jamais te esquece. Obra
mediúnica do espírito Lucius. São Paulo: IDE, 2003.
XAVIER, Chico. A religião dos Espíritos. Obra mediúnica do espírito Emmanuel.
Distrito Federal: FEB, 1960.
____________ Boa nova. Obra mediúnica do espírito Humberto de Campos. Distrito
Federal: FEB, 1941.
____________ Caridade. Obra mediúnica do espírito Emmanuel. Distrito Federal:
FEB, 1978.
____________ Vida e Sexo. Obra mediúnica do espírito Emmanuel. Distrito Federal:
FEB, 1988.
Há dois tipos de sabedoria: a inferior e a superior. A sabedoria
inferior é dada pelo quanto uma pessoa sabe e a superior é dada pelo quanto ela
tem consciência de que não sabe.
Tenha a sabedoria superior. Seja um eterno aprendiz na escola da vida. A sabedoria superior tolera; a inferior, julga; a superior, alivia; a inferior, culpa; a superior, perdoa; a inferior, condena.
Tem coisas que o coração só fala para quem sabe escutar!
Chico Xavier
Tenha a sabedoria superior. Seja um eterno aprendiz na escola da vida. A sabedoria superior tolera; a inferior, julga; a superior, alivia; a inferior, culpa; a superior, perdoa; a inferior, condena.
Tem coisas que o coração só fala para quem sabe escutar!
Chico Xavier