segunda-feira, 5 de março de 2012

TÊMIS







I

Juro que,

Um dia,

Se fizer sol,

Tirarei a toga

Indefinidamente.

Carnaval, talvez.

À chuva lá fora eu jurei.



II

Já que a chuva não parou,

Uso o tempo com sofreguidão:

Separando meus anseios,

Tropeçando em minhas dores,

Ignorando o cansaço.

Conhecendo-me em pormenores

A se recortarem nos processos...



III

Junto ao cadáver encontraram a ré,

Uma criança de dez anos exercitando

Sua legítima defesa da honra.

Tomada, roubada, ensangüentada.

Inocência encerrada num crime

Cruel por não ser único ou último.

A sentença ali eu teci.



IV

Janelas respingadas,

Uma toga cheirando a mofo e

Simulacros de

Toda uma existência...

Inclino-me na sacada

Crianças brincam em poças na rua

Aquela sem inocência também...



V

Jogos de amarelinha e

Utopias que cultivo.

Separando bem e mal

Tomo para mim a culpa, embora

Ínfima parte:

Cuidarei e amarei aquela criança

A sentença é o princípio.



2 comentários:

  1. Iza, adorei sua surpresa, vindo me visitar!

    Têmis era uma deusa grega. Ela era a guardiã dos juramentos dos homens e da lei. O seu poema, dividido em atos, ficou perfeito.

    beijos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É a tal saudade, que acena tanto para o passado, quanto para o futuro! Bom que vc gostou do post. Bjo!

      Excluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...