sábado, 7 de maio de 2016

SOBRE MÃES E CHOCADEIRAS






Há algum tempo, numa palestra do Murílio Domiciano, ouvi que o tipo de amor mais parecido com o amor de Jesus por nós é o amor de mãe: aquela mãe que ama a seu filho mais que a si mesma! Comecei a comparar e não parei de pensar – e de me cobrar. Afinal, se devo amar meus semelhantes com amor de mãe, é preciso que eu aja como se fosse mãe.
Aprendemos dentro de casa que “passar a mão na cabeça” não é uma boa prática. E quantas vezes deixamos de ser mães em sociedade. Isso parece ter se perdido com o tempo... Quando éramos crianças, nossas mães se preocupavam em educar também nossos amigos, chamavam atenção, corrigiam. As mães de nossos amigos, por sua vez, também zangavam conosco sempre que era preciso. Elas davam conselhos, se preocupavam com a gente. Havia amor nisso tudo. E isso se perdeu. Ficamos menos humanos, menos família, menos... Menos...
Mãe é mãe. Seu amor faz com que ela não se incomode em receber uma resposta inapropriada: ela diz o que pensa ser melhor, ela age da forma que acha melhor. A mãe perdoa, sem traços de mágoa. Acolhe sempre e acredita em dias melhores, em comportamentos melhores, em sermos melhores. Tudo a ver com Jesus!
Preconceito é uma palavra que as mães desconhecem. Apenas sofrem. Nunca um filho deficiente foi menosprezado, nem um homossexual foi rechaçado pelo amor de uma verdadeira mãe.
A voz materna que ensina está carregada de amor, por isso é humilde em sua cobrança, sábia em seu ensinamento, sincera e verdadeira. Por isso, comove. A persistência materna não permite que ela desista, do mesmo jeito que não devemos desistir de nossa sociedade, de nosso próximo difícil, de nosso conhecido rebelde... Por Jesus, somos todos família. Somos filhos, pais, irmãos... A grande família humana.
Ontem, na saída do trabalho, vi uma mocinha jogando um papel de bala no chão, displicente. Não falei nada. Me senti uma chocadeira (para não dizer madrasta, e não ofender as boadrastas)! Se fosse minha filha, aquele papel não ficaria ali no chão! Quando um filho faz alguma coisa errada, alertamos, corrigimos, colocamos de castigo! Não se trata de humilhar a pessoa, chamando a atenção pra aparecer. Não é pra magoar, mas pra educar. Porque o sentimento que move a mãe é a vontade que o filho evolua, cresça, aprenda...
Ao chegar em casa, fiz uma prece por aquela mocinha. Isso é ação de mãe. Pelo menos...



Izaida Stela do Carmo Ornelas


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