domingo, 28 de fevereiro de 2016

UM DOMINGO PRA TODA VIDA







Num domingo como hoje, eu estava na janela, quando passou um senhor evangélico negro, vestido de terno e gravata, com sua Bíblia debaixo do braço. Escondida pela veneziana, gritei:
- Ô urubu-rei!
Certa da impunidade, repeti covardemente:
- Ô urubu-rei!
Foi quando senti uma pressão nos ombros... Meu pai estava ali, bem atrás de mim...
Ele não me bateu, embora seu rosto expressasse tanta coisa que justificaria até a violência: tristeza, vergonha, decepção, repulsa... Ele me deu uma surra moral, quando, simplesmente, me levou até a cozinha e explicou o significado da palavra BLASFÊMIA. Ele começou dizendo que a pior blasfêmia é a falta de respeito para com o irmão!
Hoje o Google define: “palavra, expressão ou afirmação que insulta ou ofende o que é considerado digno de respeito ou reverência”.
O que é mais digno de respeito que um pai, uma mãe, um irmão? Quantos blasfemam contra os irmãos! Quantos semeiam a discórdia, o preconceito, a injúria! Eu estava entre eles! Não tinha aprendido a respeitar. Aquele senhor era, com certeza, uma pessoa muito melhor do que eu. E eu, na ignorância de meus oito ou nove anos, achava que era superior... Ledo engano!
Quando conheci a doutrina evangélica, professada por aquele senhor, entendi que eles tinham mesmo muitas razões para protestar! Através do estudo da História, analisando a Inquisição, entre outros fatos, passei a ver que os próprios homens deseducam os homens; que Jesus é sempre jogado de lá para cá, conforme interesses pessoais e institucionais. Mas que a maioria dos “pecados” reside na ignorância. E só tem autoridade para julgar, Aquele que tudo conhece, que tudo sabe! Quem somos nós? Quem somos nós, afinal? Santos? Demônios? Acredito que somos Filhos e Irmãos! Só o Pai reconhece!
Quando xinguei aquele senhor, manchei a mim mesma! Quando alguém injuria outrem, tenho certeza de que acontece o mesmo! Blasfêmias deixam marcas nos lábios de quem as profere. Marcas que só o amor e o entendimento podem apagar. Perdão...
Meu pai, naquele domingo, me deu formação e daí eu parti em busca de informação!
Agradeço a ele por esse dia! Não tenho, por isso, a índole leviana de comentar o que não conheço! Gratidão eterna, como ensinam os amigos!
Mais uma lição, do mesmo dia:
Muito sábio, aquele senhor - negro e evangélico - sequer olhou pra trás! Deixou-me ali, com minha insignificância...


Em tempo, a Lei: a Lei 9.459, de 1997, considera crime a prática de discriminação ou preconceito contra religiões. Ninguém pode ser discriminado em razão de credo religioso. O crime de discriminação religiosa é inafiançável (o acusado não pode pagar fiança para responder em liberdade) e imprescritível (o acusado pode ser punido a qualquer tempo). A pena prevista é a prisão por um a três anos e multa. 


 Izaída Stela do Carmo Ornelas



3 comentários:

  1. Seu espaço é múltiplo e generoso. Bonito texto.

    Parabéns!

    Divulgo, de forma aleatória, o Plenitude; dedicado ao meio ambiente e à fé.

    Felicidade em sua jornada.

    www.verevida.blogspot.com.br

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  2. Seu espaço é múltiplo e generoso. Bonito texto.

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    Divulgo, de forma aleatória, o Plenitude; dedicado ao meio ambiente e à fé.

    Felicidade em sua jornada.

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    1. Obrigada por suas palavras! Serei visitante assídua de seu blog! Luz e paz!

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