sábado, 14 de abril de 2012

REBELDIA






Uma religião milenar
ou simplesmente coragem?

Na volta às raízes sou rebelde.
Quando vivo a árvore: rebeldia.
No presente intenso
uma engrenagem nova
é apenas original.
Então, rebeldia.
Não escrever o que me pedem nesse momento...
Por quê?
Quero este tempo;
porque sou este tempo.
Infeliz e dependente.
Dependo de algo que não é meu
para ser diferente.
Nem a própria diferença é minha.
Ela me faz.
Oro.
Aos operários cheios de graxa
e suas Marias com fome de frutos.
Continuo: sou rebelde.
Se não faço nada
de certa forma continuo: rebelde em relação
a meu dever de não-sei-o-quê,
sempre me acomodando.
Um dia me candidato.
Quero ser prefeito do Rio de Janeiro;
empreendo uma grande obra de pintar o Pão-de-açúcar
de preto:
K.PUNK.M.METAL.U2, etc.
Hoje, eleita pelos covardes,
minha chapa é o próprio sistema.
Muito rebelde e com horário fixo na rádio e na TV.
Se eu jogasse as jóias de minha mãe pela janela:
rebelde. Ou louca.
Detrás das grades grito profecias
ao mundo que passa lá fora.
Morro junto aos ratos.
Dão meu nome ao WALL STREET.
Compram ações de minha rebeldia
e a bolsa fecha em alta.

                                   Izaída Stela do Carmo Ornelas

domingo, 8 de abril de 2012

DEFINIÇÃO





Só,
na confusão dos espaços.
Salto
em viagem cadenciada,
em fração de semínima.
Me é permitido querer.

Os sons
como ondas oscilam,
se propagam,
me perturbam.
Ondas...
                        (Lá,
                         naquele montinho de terra
                         além do mar,
                         tem toda uma odisséia.)

Matéria
não dá sentido
às articulações da alma.
Combinações de vida ou morte;
e ambas em ritmo marcial.
Pelo real,
que não sei se é, se tem, se quer...

Voando
Com a propulsão do salto
do tiro de Ontem,
suicidando-se altruísta
e dando-se a Hoje.
Penso em matar Hoje.
Assassinar.
Um passional
por Amanhã .

Sim,
só.
Na noite não vejo as ondas
mas sinto as nuvens.

A ânsia de as manipular
me abre o teto
sobre a cabeça,
me ejeta
de encontro a um meteorito.

Acordo.
Os sons doem baixinho.
Tem um barquinho
indo de encontro ao montinho de terra
transpondo ondas...

Sou matéria
recheada de nuvens.
Um ser,
um mar.
Sou.
Sua.
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