segunda-feira, 23 de maio de 2011

Aconteceu





Aconteceu.


E foi triste.

Aconteceu com Wescley Rocha Couto.

Vai acontecer de novo.

E será tão ou mais triste do que hoje.

Afinal...

Jovens morrem e se matam todos os dias.

E nossa culpa nos aparece, fantasmagórica.

Ao final...

Ninguém morre sozinho; ninguém se mata sozinho.

Muitas mãos se tingem de culpa:

As mãos do fornecedor da droga, as mãos da autoridade que não cumpre sua obrigação de proteger, as mãos do cidadão que não exercita a caridade.

Mãos que se cruzam em omissão.

Mãos que acendem pedras da morte, trilham carreiras de engano.

Mãos nas quais lemos a má sorte, o mau destino, a escravidão.

Mãos que tentam esconder nossa culpa, nosso medo, nosso desespero.

Gota a gota, lavam-se as mãos.

Passo a passo caminhamos para o desconhecido, que conhecemos como futuro.

Prece a prece desfiamos nossa tristeza.

Braço a braço, nos fortificamos.

Na responsabilidade cotidiana, o laço: sempre a culpa.

E pior que a culpa, o vazio de amor.

Vazio que paralisa mentes e mãos.

Vazio que acalenta nossa eterna omissão.

É da nossa conta.

Está registrado em nossa conta.

O que aconteceu e o que ainda vai acontecer.

A tristeza que disfarça a verdade.

O suicídio que pretensamente liberta o assassino.

As mãos criminosas que se enfeitam de anéis num simulacro de nobreza.

Corações que se esvaziam de amor, pra dar mais espaço ao dinheiro.

Enquanto isso, jovens se matam.

E são, ao mesmo tempo, mortos por nossa indiferença.

Ou será incompetência?

Quando a sorte é lançada, o desafio corre atrás...



domingo, 1 de maio de 2011

Tá bulindo comigo!!!




Melhor não "bullir". Não vá deletar...


Muito antes do bullying ser conceituado, nossos brasileirinhos do nordeste já o haviam descoberto. Trata-se de “bulir”, mexer, provocar.


Vejamos:

- Fulano tá bulindo comigo.

- Pare de bulir com ele, menino.

Quem não ouviu uma frase destas?

Então, vamos assumir a sabedoria popular brasileira, que se antecipou à importação do termo e de sua conceituação.

E quando verificamos a vasta existência desse fenômeno social, percebemos além da posição simplista da discussão centrada na escola ou, melhor dizendo, na idade escolar.

Considerado em suas características básicas, o bullying acompanha o indivíduo pela vida afora: é o chefe que assedia moralmente, é o familiar chantagista, é o vizinho provocador...

São muitas as circunstâncias em que essa patologia se instala.

Cumpre ao indivíduo se preparar para o enfrentamento destas questões, ao invés de ser ‘poupado’ por leis, curadores e outros personagens protetores de nosso estado-de-conto-de-fadas. A realidade se impõe, desde sempre, obrigando o indivíduo a evoluir. Não existe evolução social que não comece pela evolução pessoal, ou melhor, por pequenas evoluções individuais.

Episódios de bullying - como tudo nesta vida - têm também seu lado bom, quando se revelam oportunidades de aprendizagem. Podem ser comparados, nesse sentido, a reproduções lúdicas de situações reais da vida adulta: um brincar de gente grande, de casinha, de profissional, de mocinho ou de bandido. Brincando de se defender, a criança aprende a ser conciliadora, tolerante, positiva, analítica... São muitas as habilidades passíveis de serem adquiridas em situações de bullying.

Assim sendo, partimos do socrático “conheça a ti mesmo”.



PS. Coluna escrita sob inspiração de Ancelmo Gois



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