Fui
convidada para uma festa de casamento.
Em
mais um capítulo de malandragem e estelionato, a festa era um engodo. Faltaram:
decoração, música, cadeiras, mesas, buffet, garçons, bebidas, toalhas, pratos e
talheres... – os noivos levaram um cano.
Mas
quem é que se importa com um monte de panos espalhados??? Só enfeites!!! Que
importância REAL têm estes materiais na festa? E a comida? A bebida? O que é
mais importante?
De
olhares esbugalhados e bocas dissimuladas, a maioria dos convidados saiu de
fininho! Sem ter o que comer e beber, não tardaram a desertar. Afinal, era
preciso espalhar a notícia do ocorrido, como se fosse um furo de reportagem.
Com ares de falso pesar, homens e mulheres se afastaram à francesa. Restaram
poucos. E estes se empenharam em resolver o problema.
O
rega-bofes foi, finalmente, preparado para quem? Para os amigos ou para aqueles
que não se importam senão em comer, beber e futricar??? Quem merece a festa,
afinal? Quem merece, certamente, tem competência para fazer sempre melhor...
Conseguimos
alguma carne, no açougue de um conhecido. Fizemos uma vaquinha pro carvão e
garantimos o churrasco. Como todos nós temos amizade com algum dono de boteco,
foi moleza conseguir cerveja e refrigerantes gelados, no capricho! Servimos a
nós mesmos durante a comemoração, em clima de galhofa e alegria. Mais tarde,
chegou uma tia do noivo, trazendo caldeirões de caldos: canjiquinha, rabada e
vaca atolada.
Aplausos.
Muitos aplausos!!!
Chegou
um conhecido com um violão!
Foi
a melhor festa de que tenho registro em minha memória.
Sentados
em volta de uma fogueira, exaustos de tanto improviso, vimo-nos intensamente plenos
ao afirmar e viver nossa amizade.
Durante
a noite, da fogueira acesa com a madeira que nos dá nome, suspiros de calor vão
se esvaindo:
B
R A S I L ardendo e
queimando
L I S A aumente
o fogo
L I B R A S não
se venda por tão pouco
I R A S ...
S A R I por
Ghandi, resista...
S A L atreva-se a temperar
o mundo.
B I S
Leia-se
tudo de novo!
A
fogueira pede BIS!
Fui
convidada a reencarnar/nascer no Brasil. Em mais um capítulo de malandragem e
estelionato, a festa era um engodo.
...
No
Brasil vai ser assim. Quem ficar por amor, quem não veio só pra comer, vai se
dar bem no final. O problema é que o brasileiro veio se preparando – há mais de
quinhentos anos – para uma festa de panos, espelhos, apitos, chapéus... Quem
restar, verá! Quem ousar participar, será protagonista de uma história, ou melhor,
da História.
Izaida
Stela do Carmo Ornelas
Gente que coisa mais linda!!! <3
ResponderExcluirObrigada!
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