domingo, 28 de novembro de 2010

A CHAVE

           

          Quando nos deparamos com as mazelas que compõem nossa cruel realidade, muitas vezes sonhamos com uma chave mágica, capaz de resolver tudo, de desligar o mal e acender o bem. Esta chave existe. Bem, o projeto desta chave está em execução: por diversos momentos, por variadas pessoas espalhadas mundo afora. E seu nome é respeito.
           Sua carência faz mal de modo generalizado: em nossas casas, em Divino, no Brasil, no mundo. Vemos todos os dias a falta de respeito ao esforço do cidadão que lutou, trabalhou duro e honrou o compromisso de seus impostos: dinheiro em roupa íntima, obras começadas e abandonadas, descaso com as instituições públicas, corrupção, omissão.
          Pior que isso, por ser mais profunda, é a falta de respeito à alma do indivíduo que nasceu negro, pobre, deficiente, gay; ou contra aquele que escolheu ser católico, evangélico, espírita, muçulmano... A humanidade e a religiosidade, que deveriam nos manter unidos, são as primeiras razões utilizadas para nos dividir!
           Verdade seja dita: não respeitamos, em parte porque não temos respeito nem o suficiente para nós mesmos! Isso mesmo! Também nós não nos respeitamos: glorificamos marcas, grifes e status de frivolidades, ao invés de privilegiar valores que não se deterioram. São valores colocados como “fora de moda”, porque vemos que a moda não comporta mais o amor, a amizade e a moral.
           Estamos sendo aos poucos escravizados pela cobiça, pela inveja, pela competição selvagem. E muitas vezes somos levados pela mídia a acreditar que tudo isso “é para o nosso bem”, estabelecendo uma ridícula inversão de valores. Por essa ótica, ladrão que tem dinheiro é “menos ladrão”, aceito e festejado nas rodas sociais; mulheres de conduta deplorável são convidada de honra em eventos do high. Nossos modelos são moldes deteriorados que oferecemos à posteridade.
           Assim, falta de respeito é a arma mais letal que já foi concebida na face da terra. Mata em guerras, mata em preconceitos, em depressões, em suicídios. E tornamo-nos assassinos. Mesmo inconscientes, não somos inocentes. Quando negamos uma palavra de conforto a alguém que nos procura, se essa pessoa cai em depressão, somos também responsáveis pela instalação da doença. Quando jogamos nosso lixo na rua e o entupimento de um bueiro lá adiante afoga uma criança, a culpa não é só do governo... Aprendemos e praticamos a irresponsabilidade. Ninguém mais é responsável por nada: a família não é mais responsável por amparar, nem o professor por ensinar, nem o aluno por aprender. Responsabilidade, que deveria ser orgulho, respeito a si e ao próximo, tornou-se uma “batata quente” que ninguém quer segurar.
           E ensinamos essa falta de respeito às novas gerações. Quando dizemos a nossos filhos que “comam tudo para ganhar a sobremesa”, somos duplamente eficientes: em estimular a gula, ao mesmo tempo em que ensinamos a chantagem. As mães orientais, nesse momento, falam a seus filhos do respeito que se deve às pessoas que plantaram, colheram, fabricaram o alimento... E nós sequer percebemos a bela lição!
          Felizmente, há pessoas que, feito formiguinhas, estão por aí praticando gentilezas, sorrindo, preocupando-se com o outro, levando luz e paz a contagotas. Mas, se pensarmos bem, a noite é mais bonita porque as estrelas se esforçam em conjunto para construir sua beleza.
A chave é construída com atenção aos detalhes, aos pequenos gestos. O respeito, para funcionar, deve entrar sorrateiramente em nossas vidas, para que ali se estabeleça de modo pleno.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

DEUS




Entendo as pessoas de diferentes religiõess como sendo crianças nas diversas janelas de um prédio de apartamentos, observando um parque de diversões.
Cada uma delas afirma que o seu ponto de vista é o melhor... É o que me vem em mente quando penso no que Jesus disse: "Na casa de meu Pai há muitas moradas".
Um só Deus e tantas religiões!
Deus habita a maioria delas, todas onde Lhe é permitido entrar. Onde lhe é permitido "descer do ônibus". Aliás, uma guerra de cunho relifgioso já foi suspensa por causa de Pelé, que desceu do ônibus.
Infelizmente, quantas famílias entram em guerra... Quanto desamor é gerado...
Pessoalmente, não gosto da palavra religião. A etimologia da palavra pressupõe uma ideia de religação entre Deus e os homens. Ora, para se religar é preciso estar desligado! Não concordo. Não aceito a ideia de ter estado em algum momento desligada de meu Criador. Mesmo que os meus atos tenham sido os mais sórdidos, Ele não se desligou de mim.
E se a acepção etimológica for adotada para a análise, pior. Jesus exige que, antes de se ligar a Ele, é preciso estar em sintonia com meu próximo... Não existe, assim, uma verdadeira religião que exclua meu próximo.
Somos todos irmãos, tecidos no mesmo DNA da espiritualidade.
Sob qualquer denominação, o BEM é o código.


sábado, 13 de novembro de 2010

AMIZADE É A MAIOR HOMENAGEM

Recebi ontem um texto incrível, de uma pessoa batalhadora, amiga e sempre antenada com o futuro.
A amiga Maria de Lourdes Siqueira da Silva escreveu o poema a seguir em homenagem aos 80 anos da Escola Estadual Melo Viana, de Divino/MG.
Eu tenho a honra de veicular o sentimento e as idéias dessa professora tão querida, com ilustração cedida por Edson W. Carvalho.



O UNIVERSO DA ESCOLA
                                   Maria de Lourdes Siqueira da Silva
                                  

Escola Estadual “Melo Viana”
Grande e extensa para a geografia
Mas cabe inteirinha em cada coração
Numerosa, mas simples na realização
Caminhos variados. Mas amenos e floridos – cheios de paz e felicidades.
Escola – Reino da matemática
Onde todos sabem somar alegrias, diminuir tristezas, dividir amor, multiplicar felicidades.
É um reino musical onde todos sabem musicalizar as tristezas e cantar hinos à vida.
Ler na pauta do rosto a história de cada um
Decifrar os sonhos do outro na linha metódica do olhar.
Todos entram na ciranda da vida.
Atrás... adiante... cada um é o máximo daquilo que deve ser.
Um é presente do outro e hoje todos aqueles que estão aqui presentes recordam o passado através das doces recordações que hoje acordam em suas almas.
Saudade dos momentos felizes que passaram nesta Escola, desfrutando dos ensinamentos úteis e salutares dos abnegados mestres.
Fui aluna desta Escola e hoje como professora aposentada tenho orgulho pela grande participação a Comunidade Divinense.
Meus filhos e netos também estudaram nesta Escola e hoje se sentem realizados, pois ali eles receberam os primeiros ensinamentos para irem em busca de seus ideais.
Parabéns ao Diretor atual Edson Wander e aos diretores, professores e funcionários aposentados que merecem o nosso carinho pela sua dedicação.
Escola Estadual “Melo Viana” completando oitenta anos de existência!
Onde nosso passado hoje é um presente.


domingo, 7 de novembro de 2010

O SAPO: METÁFORA DA VIDA




O que é um sapo? - indaga-se Shakespeare?
O sapo é um dilema - insurge-se Platão.
Mas o sapo, neste caso, é um obstáculo, um intruso que se coloca entre a mocinha e seu príncipe encantado.
O príncipe, em nota oficial, afirma não ter "nada a declarar".
A princesa não está num de seus melhores dias. Prefere não opinar.
TPM, talvez - alfineta a madrasta.
É por isso que ela não terá uma grande dificuldade em vencer seus medos - concluo.
Não. Conclusão precipitada, de que opta por morder o sapo. TPM? Muita chance.
As escolhas das heroínas, entretanto, são dignas dos melhores livros de autoajuda.
Cinderela vence por engolir os sapos. A princesa vence por beijá-lo.
As perguntas se estabelecem à revelia do que ameaçava a esfinge.
Problema: Decifra-me ou devoro-te.
Sapo: beije-o ou engula-o.
A certeza: não importa o quê se faz, mas por quê.
Esta é a Lei. Este será o destino.
Um sapo coaxa.
Nasce mais uma criança para ouvir os contos.
São estórias "água-com-açúcar", passadas.
Águas passadas - se não movem - comovem moinhos.
Nova questão me intriga:
Quantos sapos há em Dom Quixote?


 
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